São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Pitta entra na guerra fiscal e reduz ISS

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo vai reduzir o ISS (Imposto Sobre Serviços) para tentar trazer de volta para a cidade as empresas que migraram para municípios vizinhos.
O contra-ataque na guerra fiscal entre os municípios foi anunciado pelo prefeito Celso Pitta ontem.
Pitta -que comanda um governo com problemas de caixa- disse que vai adotar uma política tributária de redução da carga do ISS.
O prefeito reclamou do fato de cidades vizinhas terem abaixado suas alíquotas para atrair as empresas paulistanas.
Em alguns casos, as alíquotas são de apenas 0,25% ou 0,5%, enquanto em São Paulo a predominante é de 5%.
Tanto o prefeito como o secretário das Finanças, José Antonio de Freitas, não adiantaram como será a redução do imposto. "Ainda não terminei o projeto", afirmou Freitas. Segundo ele, o projeto deverá estar concluído em até 30 dias.
Duas medidas podem ser adotadas: a redução da alíquota e/ou a mudança da base de cálculo do ISS (retirando salários e encargos).
Pitta entende que, apesar da redução do ISS, a arrecadação será maior. Em 96, a cidade obteve cerca de R$ 1,2 bilhão com o tributo.
Freitas disse que a redução não será apenas para alguns setores. "Será uma reforma ampla." Ele não informou quantas empresas saíram da cidade nos últimos anos.
O projeto terá ser aprovado pela Câmara Municipal, onde o prefeito tem a maioria dos votos.
"É preciso reduzir a alíquota", afirma o vereador Brasil Vita (PPB). Ele diz saber de casos de empresas que pagavam R$ 50 mil de ISS em São Paulo e mudaram para outras cidades, passando a pagar R$ 8.000.
"Não consigo entender o Pitta. Está precisando de dinheiro e vai reduzir impostos? De qualquer modo, o projeto será discutido e, se for beneficiar o pequeno empresário, pode ser aprovado", disse o vereador Arselino Tatto (PT).
O presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de SP), Sergio Porto, diz que a redução do ISS foi proposta a Pitta pelo sindicato há 40 dias. "Ele viu com bons olhos a redução a alíquota."
Pagamento vinculado
Além de estudar a redução do ISS, a prefeitura passou a condicionar o pagamento de seus fornecedores ao recolhimento do imposto na cidade de São Paulo, prática considerada ilegal por advogados consultados pela Folha.
O advogado Carlos Ari Sundfeld diz que a prefeitura não pode exigir o pagamento de um tributo para cumprir suas obrigações contratuais. Para Ives Gandra Martins, o recolhimento tem de ser feito na cidade sede da empresa.
O vereador Miguel Colasuonno (PPB) diz que a medida pode ser aplicada nos casos de burla fiscal.
Para amenizar a crise, Pitta passou a cobrar também taxas antigas de melhorias (por asfaltamento, abertura de ruas etc.) que, por serem impopulares, não costumavam ser cobradas pelas gestões passadas na periferia.

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