São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Empresários temem os efeitos negativos da antecipação da Alca

LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Empresários demonstraram apreensão e cautela, ontem, ao comentar a implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), da qual devem participar 34 países americanos.
Para eles, tanto o Mercosul -que pleiteia que a Alca só vigore a partir de 2005- poderia ser diluído nessa implantação, como grande parte da indústria nacional seria abalada caso o estabelecimento da Alca não seja gradual.
"A integração de mercados é um processo normal, mas deve ser feita de forma gradativa. Um processo abrupto significaria, para muitos setores da indústria, dificuldades competitivas muito sérias", diz Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo Gerdau.
"O problema está na capacidade de adaptar a competitividade brasileira. O Brasil vai ter de se ajustar ao processo", afirma. "É preciso chegar a 2005 em etapas. Trágico não vai ser, porque é preciso o período de adaptação."
As declarações dos empresários foram feitas durante a 1ª Conferência Latino-Americana para o Desenvolvimento Sustentável e Competitividade.
O vice-presidente da General Motors do Brasil, André Beer, cita o chamado "custo Brasil" como um dos fatores que mais emperram o caminho para a competitividade da indústria.
"Temos necessidade de que haja a continuação do Mercosul e que o Brasil consiga efetuar suas reformas", diz Beer, apontando a fiscal e a tributária como as principais.
"Isso não é feito do dia para a noite. Nesse ponto, acho que há precipitação das duas partes", diz, referindo-se à controvérsia dos EUA, favoráveis à antecipação da Alca, com a América Latina.
"Esse assunto tem de ser discutido. Para haver antecipação, é preciso que todo mundo concorde. Não é o que está acontecendo."
"Se os EUA acham que não haveria maiores problemas em implantar a Alca agora, nós tememos que sim e, para isso, precisamos estar mais bem preparados", diz Pedro Luiz Dias, gerente de relações públicas e governamentais, também da General Motors.
Lutar para que o Mercosul não seja enfraquecido. Essa é a principal medida do momento, segundo Felix de Bulhões, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e executivo da White Martins.
"Não podemos deixar que isso aconteça. É preciso negociar em bases mais sólidas, para não sermos surpreendidos no futuro", afirmou Bulhões.

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