São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Limites

JUCA KFOURI

Os velhos modelos estão ruindo. Todos. Pegue-se, por exemplo, o São Paulo FC. Eternamente na vanguarda, com raras exceções o tricolor se distinguiu sempre pela competência de suas administrações.
Afinal, e essa realidade ninguém pode negar, um patrimônio como o erguido no Morumbi é de se tirar o chapéu.
Aliás, com maior ou menor eficácia, todos os grandes clubes brasileiros têm por que se orgulhar do que ergueram neste século, frequentemente movidos à paixão.
Uma inestimável riqueza material e, principalmente, representada pelas legiões de torcedores que fizeram deste o país do futebol.
Mas novos modelos de gestão se impõem, e o São Paulo é a maior prova disso.
No fim da década de 60 um livro fez sucesso sob o título "Todo mundo é incompetente, inclusive você".
Seu autores, os norte-americanos Raymond Hull e J. Laurence Peter, defendiam a tese de que todos nós temos um limite que não seremos capazes de ultrapassar.
O atual presidente são-paulino foi talvez o melhor diretor de futebol da gloriosa história do clube.
Algodão entre cristais, soube conduzir as coisas a ponto de levar o time ao inesquecível bicampeonato mundial, num momento em que o presidente e o técnico simplesmente não se falavam.
Sua gestão como presidente, porém, tem sido uma decepção atrás da outra.
Primeiramente justificada pela terrível situação que herdou, simbolizada pelo estádio apodrecido por dentro.
Nada, no entanto, que justifique a sucessão de equívocos cometidos só neste ano.
Renato Gaúcho vestiu a camisa e foi embora. Wanderley Luxemburgo foi alvo de investida despida de qualquer senso ético. A transação de Denílson com o Barcelona foi digna dos Trapalhões e, agora, esse lamentável episódio com Edinho, técnico da Lusa.
Em meio a tudo isso, num clube traumatizado por denúncias de corrupção em passado tão recente, uma nebulosa operação, com pedido de comissão por fora, afastou um dos principais hospitais de São Paulo da vida tricolor.
Os amadores chegaram aos seus limites.
Merecem um quadro no salão nobre e a sabedoria de dar espaço ao novo.
Antes que seja tarde e da inevitável execração de que serão vítimas entre os torcedores que ajudaram, sem dúvida, a multiplicar.

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