São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 1997
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Lançamento do CD do Olodum reúne 120 mil na Castro Alves

CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

A praça Castro Alves recebeu 120 mil pessoas no lançamento mundial do novo disco do Olodum, anteontem em Salvador.
A estátua do poeta que dá nome à praça foi a única coisa parada durante a apresentação de 1h50.
O show teve canções do disco "Liberdade" (Continental), além de temas consagrados como "Requebra" e "Avisa Lá".
O telefone público em forma de berimbau no centro da praça chacoalhou forte quando os integrantes da banda cantaram "Pom Pom Pom", reggae cantado em inglês do novo trabalho.
A mudança idiomática não é a única de "Liberdade". O nome do 11º disco do grupo indica a manutenção de uma postura essencialmente política. Mas o diretor cultural do Olodum, João Jorge Santos Rodrigues, disse em entrevista coletiva que "a vocação social cede mais espaço para a alegria".
Para o diretor, a insistência em cantar apenas temas políticos afasta o público. Ele citou Chico Buarque como exemplo: "Só vocação social matou Chico Buarque. Hoje não há mais espaço para ele".
Espaço no mercado brasileiro é justamente o que o Olodum busca. O grupo fundado em 1979 já frequentou o topo de vendagens -sobretudo depois da parceria com Paul Simon, no início dos 90.
Com a expansão internacional, o grupo passou a fazer, em média, três excursões para o exterior por ano. Mas a partir de 94 o Olodum passou a privilegiar o mundo -chegaram a uma média de cinco turnês por ano- e caiu das paradas nacionais.
O lançamento do novo trabalho no Brasil simboliza a tentativa da "retomada do sucesso".
Para o "renascimento", o grupo escolheu a data do início da primavera, 21 de setembro. Mas nem tudo foi florido no show. A PM contabilizou 37 ocorrências -duas perfurações com "armas brancas" incluídas.
As confusões não interferiram no fluxo da apresentação. Mexiam os quadris seguranças, garçons dos camarotes, mendigos e até um PM do Batalhão de Choque.
O único parado na praça era o velho Castro Alves, que tinha sobre a mão estendida uma bandeira do Olodum. Mas cinco garotos furaram a cerca que separava Castro do povo e requebraram em cima do monumento. Requebra, requebra, requebra, sim.

O jornalista Cassiano Elek Machado viajou a convite da gravadora Continental.

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