São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Baianos culpam presidente pela filiação de Nilo Coelho

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Para os tucanos da Bahia, a política de filiação do PSDB no Estado é a única solução para tentar enfrentar a "máquina eleitoral" montada pelo governo Fernando Henrique Cardoso e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL).
Segundo avaliação dos políticos do PSDB, é estranho que a saída do ministro Sérgio Motta da Executiva do partido tenha como motivo a entrada do ex-governador baiano Nilo Coelho na legenda.
Para os tucanos, o próprio Motta já sabia, pelo menos desde julho, que o ex-governador estava a caminho do PSDB. "A proposta foi discutida no partido, e ninguém da Executiva falou nada", conta o deputado Domingos Leonelli (BA), que trocará o PSDB pelo PSB.
Para Leonelli, é estranha a "gritaria" do ministro, que sabe, assim como FHC, que os tucanos na Bahia vivem uma situação atípica: representam oposição ao governo federal, por conta do efeito ACM.
O deputado conversou ontem à tarde por telefone com o governador paulista Mário Covas (PSDB), a quem pediu que tomasse a dianteira na crise dos tucanos. Disse que falou em tom sério.
Para os peessedebistas baianos, Covas deveria enfrentar FHC em uma eventual convenção para decidir sobre o candidato à Presidência. O governador encarou o apelo como uma brincadeira.
No entendimento da direção baiana do PSDB, a filiação de Coelho pode representar um acréscimo de cerca de 200 mil votos para a legenda. Isso pode representar, segundo análise reservada do presidente do PSDB no Estado, Jutahy Magalhães Jr., a formação de uma bancada forte na Assembléia Legislativa, além de reforçar uma aliança das oposições para enfrentar nas urnas a dobradinha política composta por ACM e FHC.
Outra vantagem apontada em Coelho é a posse da TV Aratu, retransmissora no Estado do SBT.
O canal de televisão é visto pelos adversários de ACM como a única forma de reduzir o efeito político da TV Bahia, retransmissora da Rede Globo, controlada pela família do senador.
Além disso, Coelho, um dos empresários mais ricos da Bahia, representa uma ajuda automática ao "caixa" da campanha do PSDB.
Em visita às suas fazendas na região de Vitória da Conquista (a 527 km de Salvador), Nilo Coelho não foi localizado.
Segundo assessores, o ex-governador deixou o PMDB porque a legenda tende a aderir ao esquema de ACM nas eleições de 98.

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