São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997 |
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HC pode ser 1º hospital a realizar cirurgia
AURELIANO BIANCARELLI
O HC mantém há vários anos um serviço voltado especialmente para transexuais. Todas as segundas-feiras, o grupo -entre seis e dez pessoas- se reúne com a psicóloga Marlene Inácio. Os participantes também são acompanhados por endocrinologistas e psiquiatras. A maioria dos que participam do grupo também recebe tratamento hormonal. Só depois de dois anos de acompanhamento os participantes recebem um laudo médico autorizando a fazer a mudança de sexo. Como a cirurgia era proibida no país, algumas das pessoas fizeram a operação clandestinamente. Outras foram ser operadas fora do país. A grande maioria, no entanto, continua aguardando uma mudança na legislação que permita uma cirurgia na rede pública. Um projeto de lei do deputado José de Castro Coimbra (PTB-SP), que regulamenta a mudança de sexo, deve ser votado ainda neste ano. No HC, menos de 5% das pessoas que procuram o grupo acabam se revelando um "transexual verdadeiro ou primário". A grande maioria descobre em poucas semanas que quer continuar com seu sexo. "Não é uma questão de querer, mas de estar habilitado", diz a pesquisadora Tereza Rodrigues Vieira, autora do livro "Mudança de Sexo". Tereza relaciona uma série de critérios aceitos como condição para a cirurgia. Entre eles estão a ausência de psicopatologias, ausência de história criminal e acompanhamento psicológico de pelo menos um ano. "O travesti e o homossexual têm prazer com seu sexo e não querem se desfazer dele", diz Tereza. "Já o transexual não aceita seus próprios órgãos sexuais." Regina Ribeiro Parizi Carvalho, do Conselho Federal de Medicina, diz que a cirurgia é ainda considerada experimental em função dos aspectos culturais e religiosos que envolve. "Do ponto de vista técnico, trata-se de uma cirurgia já dominada." Texto Anterior: Documentos não podem ser trocados Próximo Texto: Resolução renova esperança de 'autorizados' Índice |
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