São Paulo, quarta-feira, 24 de setembro de 1997
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Banco vê sinais de retração

Venda deve crescer 2% a 3%

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio está atravessando um período de redução da sua atividade em comparação com 1996, de acordo com estudo elaborado pela equipe de economistas do Lloyds Bank.
Os dados de faturamento do setor têm mostrado sinais de enfraquecimento a partir de julho e o banco projeta que o crescimento do faturamento no ano deverá ficar entre 2% e 3% em 97.
Tudo vai depender do desempenho das vendas no final do ano. Mas, segundo Odair Abate, economista-chefe do Lloyds, o cenário que começa a aparecer é o de um Natal pouco aquecido, com crescimento próximo a 1,5% ou 2% sobre o de 96.
Abate classifica o momento como um "período de acomodação e ajustes". Após uma fase de avanço no segundo semestre do ano passado e primeiro deste, o setor se prepara para uma nova fase de crescimento.
Portanto, diz ele, não há motivo para se pensar em recessão. Uma das justificativas é que os números do comércio ainda são fortes. "A base de comparação é que é grande porque o segundo semestre de 96 foi de crescimento. Mas, comparados a 95, os números são fortes".
Odair Abate explica que a acomodação da atividade comercial é resultante de um novo pico de inadimplência alcançado em julho deste ano, somado a taxas de juro ainda elevadas -o que tem inspirado cuidados na concessão de crédito-, além do pequeno avanço dos salários e da desaceleração de segmentos de peso como automóveis e eletroeletrônicos.
Em agosto e início de setembro a inadimplência já cedeu, mas não é o suficiente para impulsionar as vendas porque os juros devem permanecer onde estão, diz ele.
Segundo dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) utilizados no estudo do Lloyds, depois de atingir uma taxa de quase 15% em julho a inadimplência caiu para cerca de 7% a 8% em agosto (a taxa representa os avisos de atraso recebidos pelo sistema de consulta de crédito menos os cancelamentos dividido pelo total de consultas).
O novo ciclo de crescimento do comércio, para Abate, deve vir no segundo semestre de 98. "A indústria de base, infra-estrutura e de construção está em expansão e deverá gerar mais empregos, o que tende a alavancar o consumo".
O estudo do Lloyds mostra que a indústria está bastante aquecida. "Esse fato, somado ao desaquecimento do comércio, confirma que a indústria de base é que está sustentando o crescimento, e não a de bens de consumo", diz ele.
Em função disso, o economista acredita que o comércio poderá ter expansão de cerca de 4% em 98.
"O estudo não é definitivo. Ele aponta uma direção e existem fatores conjunturais que poderão mudar esse cenário, como os juros internos e externos", diz Abate. Entre os fatores que devem favorecer o crescimento do comércio estão a inflação baixa e as eleições.

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