São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Presidente continua sem adversário
FERNANDO RODRIGUES
O xadrez da sucessão continua favorável a FHC. Aliado do maior partido no Congresso, o PFL, o presidente fica à vontade esperando o momento certo de atacar algum adversário. Além disso, enquanto a oposição nem sequer tem nomes definidos, FHC já tem até seus defensores escolhidos. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o ministro das Comunicações, Sérgio Motta (PSDB), não deixam passar em branco os ataques ao governo. A única dificuldade de FHC é, a rigor, acomodar aliados descontentes, como o tucano Mário Covas, governador de São Paulo. O presidente já tem a saída para o caso. Vai defender, com frequência, Covas como o melhor candidato ao governo paulista. Na avaliação do Planalto, o candidato natural contra Covas, Paulo Maluf, já foi domado. Acreditou na neutralidade de FHC e perdeu a chance de disputar a Presidência. Agora, Maluf estaria condenado a ser candidato a governador e deve engolir a seco o apoio de FHC a Covas. Enquanto FHC se posiciona, a oposição protagonizou ontem, em Brasília, mais uma cena de desunião explícita. Estiveram reunidos os caciques do PT, PDT, PSB e PC do B. A nota oficial divulgada sobre o encontro falava sobre "candidatura única", "prosseguir o diálogo" e "plataforma comum". Só que Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT, apenas entrou na reunião e saiu para, como explicaram assessores, "não constranger o grupo". Ciro Gomes, o tucano rebelde, que ameaça as chances de o PT emplacar Lula pela terceira eleição consecutiva, não foi convidado. Foi representado por Miguel Arraes, presidente do PSB. Arraes deseja Ciro como opção do PSB para candidato a presidente da frente da oposição. Mas escondeu o jogo na reunião. Disse que só oferece a legenda. Leonel Brizola (PDT) reclamou que só faz negócio se apoiarem o seu candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho. O PC do B, de olho nas eleições de seus parlamentares, deixou claro que prefere apoiar o PT. Em meio à confusão, os ex-presidentes Itamar Franco e José Sarney, mais experientes, ficam em silêncio. Itamar foi a FHC comunicar sua decisão de se filiar a um partido e de ser candidato a alguma coisa. No fundo, candidato certo mesmo contra FHC, só o cardiologista Enéas Carneiro, do Prona. Mas ele incomoda pouco. Texto Anterior: Itamar pode fazer Ciro desistir da disputa Próximo Texto: Entenda o xadrez da sucessão Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |