São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Presidente continua sem adversário

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As esquerdas e a oposição em geral estão se articulando há meses, mas ainda não apareceram candidatos definidos contra o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na eleição de 98.
O xadrez da sucessão continua favorável a FHC. Aliado do maior partido no Congresso, o PFL, o presidente fica à vontade esperando o momento certo de atacar algum adversário.
Além disso, enquanto a oposição nem sequer tem nomes definidos, FHC já tem até seus defensores escolhidos. O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o ministro das Comunicações, Sérgio Motta (PSDB), não deixam passar em branco os ataques ao governo.
A única dificuldade de FHC é, a rigor, acomodar aliados descontentes, como o tucano Mário Covas, governador de São Paulo.
O presidente já tem a saída para o caso. Vai defender, com frequência, Covas como o melhor candidato ao governo paulista.
Na avaliação do Planalto, o candidato natural contra Covas, Paulo Maluf, já foi domado. Acreditou na neutralidade de FHC e perdeu a chance de disputar a Presidência. Agora, Maluf estaria condenado a ser candidato a governador e deve engolir a seco o apoio de FHC a Covas.
Enquanto FHC se posiciona, a oposição protagonizou ontem, em Brasília, mais uma cena de desunião explícita.
Estiveram reunidos os caciques do PT, PDT, PSB e PC do B. A nota oficial divulgada sobre o encontro falava sobre "candidatura única", "prosseguir o diálogo" e "plataforma comum".
Só que Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT, apenas entrou na reunião e saiu para, como explicaram assessores, "não constranger o grupo".
Ciro Gomes, o tucano rebelde, que ameaça as chances de o PT emplacar Lula pela terceira eleição consecutiva, não foi convidado. Foi representado por Miguel Arraes, presidente do PSB.
Arraes deseja Ciro como opção do PSB para candidato a presidente da frente da oposição. Mas escondeu o jogo na reunião. Disse que só oferece a legenda.
Leonel Brizola (PDT) reclamou que só faz negócio se apoiarem o seu candidato ao governo do Rio, Anthony Garotinho.
O PC do B, de olho nas eleições de seus parlamentares, deixou claro que prefere apoiar o PT.
Em meio à confusão, os ex-presidentes Itamar Franco e José Sarney, mais experientes, ficam em silêncio. Itamar foi a FHC comunicar sua decisão de se filiar a um partido e de ser candidato a alguma coisa. No fundo, candidato certo mesmo contra FHC, só o cardiologista Enéas Carneiro, do Prona. Mas ele incomoda pouco.

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