São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Para presidente do PT, Lula é 'candidato-limite'

CARLOS EDUARDO ALVES

CARLOS EDUARDO ALVES; FERNANDO RODRIGUES; LUÍS PEREZ
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

FERNANDO RODRIGUES
Os principais partidos de oposição -PT, PDT, PSB e PC do B- se reuniram ontem em Brasília e esfriaram as articulações em torno dos dois nomes que têm sido apresentados como possíveis adversários do presidente Fernando Henrique Cardoso em 98: Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes.
Lula, elogiado na nota oficial dos partidos como "liderança do campo democrático e popular e na vida política brasileira", não tem o perfil ideal para enfrentar FHC, na visão dos possíveis aliados do PT.
A solução Lula como "mal menor", para os interlocutores do PT, ficou clara nas palavras do próprio presidente do partido, José Dirceu. "Lula será o candidato-limite da frente. Todos concordam que temos que procurar uma candidatura mais ampla", disse.
A alternativa de ter Ciro como candidato único das esquerdas foi explicada pelo governador Miguel Arraes (PE). O presidente do PSB disse que informou a Ciro que o partido o receberia, mas que não poderia garantir a candidatura.
Nesse momento da reunião, Leonel Brizola (PDT) fez considerações críticas a respeito de Ciro. "O discurso dele é muitas vezes igual ao do PSDB", afirmou.
Brizola apontou ainda dívidas sobre o "passado" e o "autoritarismo" de Ciro. Em entrevista, o ex-governador criticou a disposição de Ciro de condicionar sua filiação ao PSB à candidatura. "Se é assim, ela quebra a unidade. Acho isso um desastre", declarou.
Dirceu, que apresentou aos demais partidos o nome de Lula para a disputa em 98, aposta que o dono do figurino sonhado pela esquerda não será encontrado. Daí, a inevitabilidade de mais uma tentativa de Lula para chegar ao Planalto.
"O que não aceitamos é o veto a Lula", disse o petista. O raciocínio no PT é que as legendas de oposição vão esperar até dezembro, pelo menos, para medir a possibilidade de crescimento do nome de Ciro. Se o ex-ministro embicar, pode ganhar adesões. O PT exclui liminarmente o apoio a Ciro.
"O PDT e o PC do B vão caminhar com o PT, se houver divisão na esquerda", acha Dirceu. Brizola confirmou a preferência por Lula, mas na reunião condicionou o aval ao petista ao apoio ao candidato pedetista ao governo do Rio.
Aí reside o drama de plantão no PT para segurar o PDT no palanque de Lula. O diretório fluminense do PT rechaça a idéia de coligação com o brizolismo no Estado.
A cúpula vai pressionar o PT do Rio, mas com poucas chances. Se o quadro for mantido, cria-se a oportunidade para Brizola retirar o pé do palanque petista.
O PC do B tende a Lula. Os comunistas precisam eleger bancada no Congresso e, nos Estados, a aliança com o PT é a aposta mais segura para isso. A versão oficial da reunião (leia a íntegra ao lado) foi divulgada por meio de uma nota, distribuída à porta do prédio do deputado federal Aldo Arantes (PC do B-GO), local do encontro.

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