São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Garantia de testes de Aids

PEDRO CHEQUER

Precisamos do apoio e da vontade política das pessoas envolvidas com a questão da saúde em nosso país para garantir testes de Aids a todos os que queiram realizá-los.
O Ministério da Saúde espera fechar o ano com uma rede de 142 Centros de Testagem Anônima (CTAs). Em julho, foi inaugurado o 89º centro. Nos próximos meses, 29 CTAs estarão funcionando.
Os CTAs são serviços especiais, nos quais as pessoas que queiram fazer testes gratuitos de Aids têm o sigilo de sua identidade garantido pelo Ministério da Saúde. Com os testes, as pessoas recebem aconselhamento antes e depois do resultado. Em caso de resultado positivo, são encaminhadas à unidade de saúde mais próxima para iniciar imediatamente o tratamento.
A maioria dos municípios com grande número de casos ou alta incidência acumulada, como as regiões metropolitanas de São Paulo e Rio, já tem seu CTA.
A importância do anonimato é estimular as pessoas a fazer o teste de HIV sem riscos de discriminação em sua comunidade. Dessa forma, o possível portador tem mais chances de obter diagnóstico da Aids na fase inicial da doença.
Desde 1993, a Coordenação Nacional de DST e Aids tem uma linha de financiamento de projetos destinada a Estados e municípios que demonstrem interesse em implantar os CTAs. Já foram investidos cerca de R$ 3 milhões na implantação desses centros no país.
A expansão da rede é um indicador de sucesso da iniciativa. Mas um levantamento preliminar mostra algumas imperfeições no sistema que devem ser corrigidas.
Uma delas é a possibilidade efetiva de acesso. Os horários, muitas vezes, não são compatíveis com o da população usuária. O trabalhador, por exemplo, perde um turno de trabalho a cada comparecimento ao CTA (e recebe uma declaração de ter sido atendido justamente num Centro de Testagem Anônima). A recomendação do ministério é que todas as unidades se organizem para oferecer horários alternativos e mais eficazes.
Muitas vezes o próprio anonimato tem significado um bloqueio ao serviço. Frequentemente, empregadores, concursos ou alguns serviços de saúde exigem teste de HIV. Tentando coibir essa testagem compulsória, alguns CTAs vêm, na prática, negando o acesso do usuário à sorologia e ao aconselhamento. A solução, para o governo, é flexibilizar o anonimato.
É importante que tenhamos como meta a melhoria da qualidade de vida das pessoas. E oferecer a possibilidade de testagem é fator importante. Estamos exercendo cidadania. E isso é fundamental.

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