São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Leia abaixo a íntegra do pronunciamento de FHC

Boa noite. Hoje eu quero falar sobre educação.
No dia 7 de setembro, eu lancei um desafio ao país. Colocar todas as crianças na escola até o fim do meu governo. São cerca de 2 milhões e 700 mil crianças fora da escola.
A tarefa é gigantesca. E o governo sozinho não poderá realizá-la. Mas tenho a confiança de que, com o apoio de todos, poderemos fazer muito. O Ministério das Educação já vem criando as condições para enfrentar o problema.
O Fundo de Valorização do Magistério, que entra em vigor no ano que vem, vai criar as condições para remunerar melhor o professor e melhorar a qualidade do ensino.
O censo escolar permite saber quantas crianças estão matriculadas e quantas estão fora da escola e onde.
A revisão do livro didático, os parâmetros curriculares e a TV Escola oferecem uma melhor orientação pedagógica aos professores;
O programa de aceleração da aprendizagem vai conter a evasão escolar.
O ministro Paulo Renato me entregou hoje o plano para colocar todas as crianças na escola. É um plano sério e ambicioso. Nos próximos dias, o ministro vai iniciar uma mobilização por todo o país para divulgar o plano e organizar uma grande parceria entre o governo federal e os Estados, os municípios e toda a sociedade.
O plano vai precisar, por isso, da participação ativa e determinada de todos. Pais e professores, diretores de escola e prefeitos, líderes da comunidade e organizações não governamentais, agentes de saúde. Conselhos Municipais da Criança e do Adolescente e até do Ministério Público. Para localizar a criança que está fora da escola, e para conscientizar os pais a entender o que está acontecendo e ajudá-la a retornar às salas de aula.
Quero insistir neste ponto: o programa só dará certo se contar com a sua ajuda e a ajuda de cada um dos brasileiros. Cada um à sua maneira, no seu bairro, na sua cidade, na forma como puder participar.
E nós vamos necessitar também mais recursos para o Ministério da Educação e para ajudar os Estados e municípios a participarem do programa. Por isto, quero anunciar que decidi destinar 500 milhões de reais da receita da concessão da Banda B da telefonia celular para o programa "Toda a Criança na Escola". É bastante dinheiro, mas é um dinheiro bem empregado.
Eu já havia indicado antes que a receita da privatização e das concessões vai para o pagamento da dívida. Portanto, estou fazendo uma exceção a esta regra, a única exceção que farei. Mas neste caso ela se justifica. Investir na educação das crianças e investir no futuro do Brasil.
Nós só estamos podendo fazer isto porque colocamos a economia em ordem. Depois de três anos pisando no freio, chegou a hora de investir mais no que é essencial para o povo - educação, saúde, moradia, criação de empregos. Mas sempre com o cuidado de evitar o risco de a inflação voltar.
De tudo o que se está fazendo no Brasil, nada é mais importante do que assegurar uma escola de boa qualidade para todas as crianças. Eu, que sou professor, marido de professora e pai de professora, tenho grande orgulho de poder fazer hoje pela educação básica, o que nunca foi feito antes neste país.
Se em menos de três anos já conseguimos mudar a fisionomia do Brasil e nos destacar perante o mundo, imagine o que vai acontecer quando conseguirmos dar educação a este gigante. Quando nós começarmos a produzir mais cientistas, professores, artistas e atletas.
Temos rumo. Temos metas claras do que fazer. Primeiro, cuidamos de pôr as coisas em ordem, agora, chegou a vez de buscar o progresso.
E progresso é gente educada e com saúde, é gente feliz.
Nós cuidamos primeiro do Real, para que agora o Real possa cuidar das pessoas.
Colocar todas as crianças na escola é o sonho que sempre quisemos realizar: um país mais justo e oportunidades para todos. Este sonho, nós estamos começando a realizar.
Muito obrigado.

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