São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Privatização do celular financia Educação

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou, ontem à noite, em cadeia nacional de rádio e TV, que o governo vai destinar R$ 500 milhões da receita obtida com a privatização da telefonia celular ao programa "Toda Criança na Escola".
O presidente disse que, "depois de três anos pisando no freio", chegou a hora de investir mais no que é essencial -educação, saúde, moradia e criação de empregos. "Mas sempre com o cuidado de evitar o risco de a inflação voltar."
O dinheiro será destinado ao cumprimento da meta que o governo estabeleceu de, até o final do mandato do presidente, colocar todas as crianças na escola. "São cerca de 2,7 milhões de crianças fora da escola", disse FHC.
No governo FHC, a destinação da verba obtida com a privatização tem sido objeto de uma disputa entre o Ministério da Fazenda -que não abre mão de usar os recursos para pagar dívidas- e outros setores do governo, caso do ministro Sérgio Motta (Comunicações).
Os adversários da Fazenda queriam a aplicação do dinheiro em investimentos. No caso da venda da Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, metade da arrecadação foi destinada a financiamentos ao setor privado.
No pronunciamento de ontem, FHC disse ter decidido que o dinheiro obtido com a venda das concessões da banda B (telefonia celular privada) irá para o abatimento da dívida. "Portanto, estou fazendo uma exceção a essa regra, a única exceção que farei", disse, justificando que se trata de investir "no futuro do Brasil".
O governo pretende obter mais de R$ 6 bilhões com a privatização da telefonia celular. Só no mês de agosto, foi arrecadado R$ 1,38 bilhão com a venda de concessões. O que está sendo destinado à educação, portanto, é apenas uma parte da verba esperada. FHC considerou os R$ 500 milhões destinados "bastante dinheiro, mas um dinheiro bem empregado".
"O ministro Paulo Renato (Educação) me entregou hoje (ontem) o plano para colocar todas as crianças na escola. É um plano sério e ambicioso", afirmou FHC, que convocou pais, professores, diretores de escola, prefeitos, líderes da comunidade e até organizações não-governamentais.
O presidente invocou seu currículo -e o de sua família- para demonstrar determinação nas medidas, tomadas ontem. "Eu, que sou professor, marido de professora e pai de professora, tenho grande orgulho de poder fazer hoje pela educação básica o que nunca foi feito antes neste país", disse.

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