São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997 |
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Marquês de Marialva sofre o peso do passado
JOSIMAR MELO
Foi o empurrão decisivo para que seus proprietários, o casal Maria Teresa e José Batalha, voltassem para Portugal levando embora um pouco da história da gastronomia paulistana. Eles se foram, mas, desde então, um trio de gourmets começou a lutar para que a tradição ficasse aqui. Julio Andrade, Vicky Dolabella e Fernanda Magalhães Padilha compraram a marca e, em outro local -na avenida 9 de Julho-, passaram a investir pesado para ressuscitar o velho Marquês. A reinauguração aconteceu em agosto. O novo restaurante nasceu mais vistoso, num salão claro, com mesas amplas e decoração clássica e sóbria. Uma entrada envidraçada, que lembra mais uma loja que um restaurante, leva ao bar onde fica o mesmo vitral que ornava a entrada do antigo ponto. A composição lembra pouco o caloroso ambiente português, mas não falta conforto. É neste cenário renovado que os proprietários tentam reproduzir a velha cozinha do Marquês. Não é tarefa fácil. Embora tenham recuperado parte da antiga equipe, ali existia uma obra pessoal, executada por Maria Teresa -que não somente pesquisava e recuperava receitas portuguesas, como também cuidava pessoalmente de sua confecção. Este elo pessoal não aparece no sabor dos pratos, que, não obstante, são corretos. O cardápio é apoiado basicamente em peixes e frutos do mar, como mexilhões com alho, coentro e azeite de oliva, e bacalhau de boa procedência, vistoso e macio, em oito variações. Há também caldeirada de peixes, mariscos na cata-plana e, entre as poucas carnes, uma chanfana de cordeiro (cozido com vinho, no forno, em panela de barro) rija e salgada. Reabertos recentemente, bem instalados, e mostrando uma cozinha em geral correta, eles podem acertar o passo e vir a ter sucesso com suas próprias pernas. (JOSIMAR MELO) Texto Anterior: Livros gastronômicos mostram história do arroz e da carne Próximo Texto: Baianos do É o Tchan são imunes à crítica Índice |
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