São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Indie' americano brilha na MostraRio

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O cinema independente americano roubou a cena na 9ª MostraRio, que vive seus últimos quatro dias.
Não que a concorrência tenha sido fraca. O festival carioca reuniu neste ano sua melhor seleção. O sensível aumento de público (cerca de 20% no primeiro final de semana) foi só consequência.
O mito da decadência da geração Sundance veio abaixo. Três dos mais originais títulos do evento participaram neste ano do festival de cinema criado por Robert Redford em 1985.
Dois deles, assinados por estreantes, têm hoje sua última projeção no Rio: "Na Companhia dos Homens", de Neil LaBute, e "O Mito das Impressões Digitais", de Bart Freundlich. É bom correr, pois eles ainda não têm distribuição comercial garantida.
O terceiro marcou uma das voltas por cima do ano nos Estados Unidos.
A comédia romântica "Procura-se Amy" custou US$ 250 mil e já passou dos US$ 10 milhões. Marca o retorno do jovem Kevin Smith à produção independente, de onde saíra ao explodir com "O Balconista", em 1993. Não passa mais no festival, mas deve estrear no início do mês que vem.
Três outros títulos egressos do Sundance fazem parte do excepcional ciclo "Expectativas 97", da 9ª MostraRio.
"Domingo É Dia", de Jonathan Nossiter, será exibido neste final de semana e chega com a recomendação do prêmio de melhor ficção do Sundance-97.
"Amores Ilícitos", de Michael Oblowitz, revelou-se um policial "noir" de marcada sensualidade, enquanto o drama familiar "Little Boy Blue" conquistou os menores elogios do lote.
É uma segunda onda de cineastas independentes que pede hoje passagem.
A primeira turma da geração Sundance explodiu há cerca de dez anos. Os nomes são hoje bastante conhecidos: Jim Jarmusch, Spike Lee, os irmãos Coen, Hal Hartley, Steven Soderbergh.
Alguns aliaram-se à grande indústria (Coen, Lee), outros preferiram encontrar um nicho à margem (Hartley, Jarmusch).
Ponte
Kevin Smith, revelado há quatro anos, faz um pouco a ponte entre os dois grupos. Tanto é assim que bate continência a Jarmusch e Hartley como os cineastas que mais o influenciaram. Na mesma posição dele, estão nomes como Quentin Tarantino e Robert Rodriguez.
Outra ponte é a produtora nova-iorquina Good Machine, de James Schamus e Ted Hope. Foram eles que bancaram os primeiros passos de diretores como Todd Haines ("Veneno").
A consagração veio em 1993, com o Urso de Ouro para "Banquete de Casamento", de Ang Lee. Desde então, dividem o tempo entre projetos de vulto, como "Tempestade de Gelo" ("The Ice Storm"), premiado em Cannes-97, e novas apostas, como "O Mito das Impressões Digitais".
A margem de acerto é impressionante.

O crítico Amir Labaki viajou a convite da organização do festival.

Texto Anterior: Site mostra próximo "Guerra"
Próximo Texto: "O Mito das Impressões Digitais" combina opostos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.