São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997 |
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"O Mito das Impressões Digitais" combina opostos
AMIR LABAKI
Teatro e cinema, Sundance e Hollywood, humor e angústia andam aqui de mãos dadas. O catalisador desse pequeno milagre é o estreante Bart Freundlich -um nome a guardar. Tudo gira em torno da tradicional reunião familiar americana no feriado de Ação de Graças (Thanksgiving), como em "Hannah e Suas Irmãs" (1986), de Woody Allen. Após três anos de ausência, o quarteto de filhos adultos volta para passar o fim-de-semana prolongado na casa dos pais na Nova Inglaterra. O que se segue tem mais a ver com o clássico teatral americano "Longa Jornada Noite Adentro", de Eugene O'Neill, do que com a tradicional leveza do atual cinema independente. A arte de Freundlich é equilibrar "O Mito" no fio da navalha, entre a dramaticidade de todo acerto de contas com o passado familiar e o humor de seus jovens e sofisticados personagens. Dinheiro não parece ser o problema, logo sexo é o coração do filme. É surpreendente como em seu batismo no longa-metragem Freundlich conseguiu harmonizar o desempenho de um elenco que mistura estrelas da grande produção e novos talentos. Os veteranos Roy Scheider ("Tubarão") e Blythe Danner ("O Príncipe das Marés") esbanjam sutileza na composição dos pais. Julianne Moore (a antropóloga de "O Mundo Perdido") faz a agressiva filha mais velha, Mia, que vive para alvejar todos, especialmente o namorado bobão. Os três outros filhos são revelações. Jake (Michael Vartan) é o pacato primogênito. A caçula Leigh (Laurel Holloman) dribla os golpes oferecendo afeto. Já o universitário Warren (Noah Wyle) mantém a pior relação possível com o egocêntrico pai, responsável pela perda de uma paixão. Gestos e olhares falam mais que palavras, e a tensão segue elevada sem o alívio de explosões. A produção independente americana alcança um novo patamar de maturidade na estréia de Bart Freundlich. (AL) Texto Anterior: 'Indie' americano brilha na MostraRio Próximo Texto: Smith se vinga com 'Amy' Índice |
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