São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997 |
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Britânicos propõem limites à imprensa
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O órgão de vigilância da imprensa britânica divulgou ontem diretrizes duras para impedir o assédio abusivo e invasões de privacidade por parte da imprensa. O objetivo é acabar com o mercado de fotos de "paparazzi" no Reino Unido.O lorde Wakeham, chefe da Comissão de Queixas contra a Imprensa (CQI), propôs a proibição da publicação de fotos obtidas por meio de "perseguição persistente" ou resultantes de qualquer comportamento ilegal, como a invasão de propriedade particular, o desrespeito às leis de trânsito e à nova legislação britânica contra a perseguição de pessoas. "Não haverá mais nesse país um mercado para fotos tiradas pelo tipo de fotógrafo que seguia insistentemente a princesa Diana", disse o lorde Wakeham. "Perseguições de motocicleta ou outros meios e vigílias são inaceitáveis. Editores que publiquem fotos obtidas assim estarão sujeitos às sanções mais severas da CQI." As novas regras excluem, por exemplo, a publicação de fotos obtidas em igrejas e restaurantes, considerados lugares privados. Também fotos obtidas de pessoas sofrendo física ou emocionalmente poderão ser banidas. Informações sobre crianças cujo único interesse público seja a fama de seus pais serão proibidas, assim como pagar crianças para obter informações sobre seus pais. O novo código está sendo elaborado com a colaboração dos editores dos principais jornais do país, mas não tem força de lei. Vários deles manifestaram temor de que as novas regras prejudiquem, por exemplo, a apuração de escândalos políticos. "A definição sobre o que o público tem o direito de saber deve caber aos editores", disse Andrew Marr, editor do "The Independent". Um porta-voz do Partido Conservador (oposição), Roger Gale, defendeu que a única forma de fazer com que o novo código seja respeitado é "impor aos jornais multas altas, de 500 mil libras (cerca de US$ 800 mil)". Para ele, "essa é a única linguagem entendida pelos diretores dos tablóides". Apesar da morte da princesa Diana, em 31 de agosto, ter aumentado a pressão para que seja criada uma lei para controlar as ações da imprensa, a mídia do país permanece sendo auto-regulada. Juristas afirmam ser difícil elaborar uma lei que faça distinção clara entre o direito de privacidade e o direito da imprensa de investigar assuntos de interesse público. Repórteres de tablóides sensacionalistas britânicos ouvidos ontem se disseram confiantes de que o teste do "interesse público" permitirá que eles continuem seguindo personagens famosos. Os membros da CQI se reunirão novamente na semana que vem para continuar suas discussões sobre o novo código. Texto Anterior: EUA condenam Israel por novas colônias Próximo Texto: Cuba julga americano Índice |
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