São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Abreu enriquece comédia popular

NELSON DE SÁ

A diversificação estética vista no teatro desde o início da década vai correspondendo a uma diversificação do público, depois de um momento de baixa geral na bilheteria. "Burundanga" é um dos fenômenos desta fragmentação.
Não está ali o público antes usual de teatro. É outro, próprio da "comédia popular brasileira" que norteou o projeto do dramaturgo Luís Alberto de Abreu e do diretor Ednaldo Freire, com a Cia. Fraternal de Arte e Malas-Artes.
O projeto se desenvolveu aos poucos durante o ano passado e início deste, com vários textos no gênero, todos de Abreu -também autor dos tão diferentes "O Livro de Jó" e "A Guerra Santa". "Burundanga" foi o de maior êxito.
A reestréia em outro teatro, mais propriamente "comercial", comprova o quanto o projeto foi bem-sucedido na formação do novo público. E mais, sem para tanto tornar rasas a dramaturgia ou a encenação. Autor experiente, Abreu vai intricando a comédia, de estrutura aparentemente simples, e levando o espectador a reações diversas e enriquecedoras diante dos personagens e ações.
Não há dicotomia, mas uma "burundanga" (confusão) diante das peripécias de uma dupla que se faz passar por militar e, na pequena cidade, é tomada por liderança maior de um golpe -sendo adulada por todos, o coronel, a prefeita etc. Ariano Suassuna, Martins Pena, a tradição popular do teatro brasileiro está toda ali, nos impagáveis João Teité (Sérgio Rosa) e Matias Cão (Ali Saleh).
** BURUNDANGA, A REVOLTA DO BAIXO VENTRE Texto: Luis Alberto de Abreu. Direção: Ednaldo Freire. Com: Fraternal Cia. de Artes e Malas-Artes. Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, Bela Vista, região central, tel. 289-2358). Sáb.: 21h. Dom.: 19h. Até 21/12. Ingr.: R$ 10.

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