São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 1997
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Apesar dos cortes, 'Hamlet' é belo filme

NELSON DE SÁ

Não tem mais Charlton Heston narrando a queda de Tróia, naquela que é a maior interpretação do filme e talvez a maior de toda a vida do veterano ator hollywoodiano. A cena foi limada da versão que os brasileiros vão ver. Também não tem mais o solilóquio, o "bife" de Cláudio, uma das melhores cenas da tragédia e aquela que confirma o grande ator que é Derek Jacobi, ele mesmo um Hamlet de primeira linha, na juventude. Nem Judi Dench como Hécuba, nem John Gielgud como Príamo, nem Gerard Depardieu como Reinaldo.
Sem tudo isso, "Hamlet" é ainda um belo filme na versão reduzida que chega aos cinemas brasileiros (o original passava de quatro horas e exigia, heresia suprema no cinema, um intervalo de 15 minutos). Chega a ter mais ação, ainda que com enredo mais confuso. O Hamlet de Kenneth Branagh tem os momentos de fúria que formam, desde "Henrique 5º", a sua maior qualidade como intérprete. A versão corre assim, quase inteiramente, no trilho da oposição de seu violento príncipe à fragilidade e ao amor tanto da rainha Gertrudes de Julie Christie quando da Ofélia de Kate Winslet.
Guardando ainda parte da encenação em "quadros" da versão completa, que valorizava cada cena singularmente, "Hamlet" é uma montanha-russa emocional. É o que se produziu de mais próximo a um filme de ação, mais até do que "Henrique 5º", tendo o bardo William Shakespeare como roteirista.

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