São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997 |
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País venderá duas estatais a cada mês Reestruturação é debatida WILSON SILVEIRA
Em novembro serão privatizadas a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), a Enesul (MS) e a Cemat (MT). Em dezembro, a Energipe (SE) e a Cosern (RN), e em janeiro, as distribuidoras da Eletronorte em Manaus-AM e Boa Vista-RR. A informação é do presidente da Eletrobrás, Firmino Ferreira Sampaio Neto, e foi dada durante seminário sobre a reestruturação do setor elétrico promovido pela Apine (Associação Brasileira das Empresas Produtoras Independentes de Energia Elétrica), na sexta-feira passada, em Salvador. A privatização no segmento de distribuição só não será completa porque alguns governos estaduais, que detêm o controle acionário das concessionárias, não querem. O governo do Paraná não manifestou intenção de vender sua empresa, o de Minas Gerais vendeu apenas um terço da sua, e em Santa Catarina o processo está sendo retardado pela crise política resultante da CPI dos Precatórios. O ambiente de competição, segundo o governo, pode vir a provocar queda no preço da energia para o consumidor. O governo federal deve arrecadar R$ 18 bilhões em 98 com a venda dessas empresas, segundo o diretor-executivo do Banco Graphus, Roberto Hesketh. O Graphus lidera um consórcio contratado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para avaliar Furnas e Eletrosul, que estão em fase de privatização. No mês que vem começam a ser avaliadas a Chesf e a Eletronorte. Essas quatro empresas formam o sistema federal de produção de energia, cuja privatização também está sendo acelerada. O governo ainda precisa definir como elas serão privatizadas, principalmente se serão divididas ou vendidas em bloco. O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), relator da lei que criou os produtores independentes de energia (9.074/95), criticou no seminário a indefinição do governo. Eletrobrás Sampaio Neto disse que a Eletrobrás deve manter funções típicas de empresa pública após a privatização do setor. A Eletrobrás é a holding que controla o sistema federal de produção de energia e a distribuição em algumas capitais da região Norte. Em cinco Estados (RN, SE, MS, MT e AL), a Eletrobrás compartilha a administração das concessionárias por ter recebido grande quantidade de ações como pagamento de dívidas ou empréstimos. Após a privatização a Eletrobrás deve atuar em parceria com a iniciativa privada como "atenuante de riscos", diz Sampaio Neto. Essa foi uma das recomendações da empresa de consultoria Coopers & Lybrand, contratada pelo governo para estudar a reestruturação do setor elétrico. Sampaio Neto afirmou que a fase de construção de uma usina hidrelétrica é crítica. Dura pelo menos cinco anos, período em que o investimento é incerto. Uma das alternativas de participação da Eletrobrás é entrar como sócia minoritária nessa fase, para encorajar a iniciativa privada e atrair empréstimos externos, e depois vender a sua parte. "Não se pode fechar a cortina de vez", disse Sampaio Neto, referindo-se à necessidade de a empresa continuar após a privatização. Segundo ele, isso é importante quando se considera que, do ponto de vista estratégico, as hidrelétricas continuarão sendo a fonte mais importante de energia. Ele citou algumas razões pelas quais não considera as outras opções energéticas adequadas: 1) as termelétricas a gás representam piora na balança comercial, em virtude da importação de gás natural; 2) as termelétricas a carvão têm investimento inicial elevado e são antiecológicas; 3) as usinas nucleares têm custo político alto. O jornalista Wilson Silveira viajou para Salvador a convite da Apine Texto Anterior: Veja as novas medidas Próximo Texto: Economia mundial Índice |
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