São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economia mundial

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A reunião anual das diretorias do FMI e do Banco Mundial, ocorridas na semana que passou, foi bem noticiada por aqui pelos comentários feitos sobre o Brasil, mas deu-se pouco espaço para outros temas, como o balanço que se faz da economia mundial.
O crescimento esperado do produto mundial é da ordem de 3,5% para os próximos dois anos e com inflação baixa. É uma taxa de crescimento bastante favorável e deverá estar razoavelmente distribuída entre as grandes economias, como as dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.
Para os países em desenvolvimento, essa é uma boa notícia, pois significa que o comércio mundial continuará a crescer, oferecendo oportunidades de maiores vendas para aqueles países que se mostrarem competitivos.
Já a expectativa de inflação baixa tem o lado positivo de que as taxas de juros internacionais não deverão ter grandes saltos. Embora possa haver aumento na taxa de juros de curto prazo nos Estados Unidos e na Europa, se houver ameaça de aumento da inflação, de um modo geral, não se esperam grandes flutuações nas taxas de médio e longo prazo.
Na prática, isso significa que a situação de oferta folgada de capitais nos mercados internacionais deve continuar. Isso facilita um pouco as coisas para países como o Brasil, que necessitam financiar grandes déficits em suas contas externas. Ganhamos um pouco mais de tempo para corrigir o déficit sem atingir a situação de corte abrupto nos financiamentos externos que ocorreu nos anos 80.
A perspectiva de liquidez folgada nos centros financiadores torna menos provável a ocorrência de uma crise cambial por aqui. A experiência mostra, contudo, que não se pode contar com a boa vontade eterna dos financiadores externos.
Caberá à área econômica do governo aproveitar esse ambiente externo favorável para promover os ajustes necessários sem custos muito elevados. Não é sempre que se pode contar com um cenário internacional desses. Assim, fica maior a responsabilidade do governo de não deixar de fazer os ajustes necessários enquanto é tempo.

Álvaro A. Zini Jr., 44, é professor titular da Faculdade de Economia e Administração da USP.

Texto Anterior: País venderá duas estatais a cada mês
Próximo Texto: Cesta básica varia de -38% a +67% em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.