São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Cesta básica varia de -38% a +67% em SP

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

O custo da cesta básica Procon-Dieese em São Paulo subiu pouco mais de 4% do início do Plano Real até este mês, mas os produtos que a compõem tiveram, no período, desde queda de 38% até alta de 67%.
A cesta básica representa a soma dos custos médios de 22 produtos alimentícios, 4 de limpeza e 5 de higiene pessoal, cujos preços são pesquisados em 70 supermercados da capital paulista.
O custo total é calculado de acordo com quantidades consumidas por uma família média.
No último dia 15 a cesta custava, em média, R$ 110,74, contra R$ 106,40 no dia 30 de junho de 94. A alta foi de 4,08%.
Como os preços tiveram um pico anormal na véspera do Plano Real, a Folha comparou seu custo atual com o que tinha um mês antes do lançamento da nova moeda, em 31 de maio de 94.
Resultado: a diferença sobe para 14,88%. O custo no final de maio era de 96,39 URVs (Unidades Reais de Valor).
Contrastes
Para essa alta média, embora relativamente modesta, contribuíram desde a queda de 37,97% no preço do açúcar até as altas de 61,11% na cebola e de 66,84% no alho.
Esses dois produtos são os únicos que, na composição da cesta básica do Procon-Dieese, tiveram elevação de preço em patamar próximo ao da inflação média em três anos e dois meses de Real.
Essa coincidência, entretanto, tem pouco significado, pois os preços da cebola e do alho, mais ainda do que em outros alimentos, sofrem forte efeito sazonal. Ou seja, variam muito conforme a época do ano e o desempenho da safra.
A maioria dos produtos que integram a cesta básica, tanto alimentos quanto os de higiene pessoal e de limpeza, mostra reajustes na faixa de 10% a 30% (ver quadro) desde a fase da URV.
A menor média dos reajustes de maio de 94 ao último dia 15 é a do grupo de alimentos industrializados: cerca de 15%. A dos produtos de limpeza sobe para 17,6%, e de higiene pessoal, para 22,7%.
Em 31/5/94, a cesta básica que custava em média R$ 96,39 era composta por R$ 77,42 dos itens de alimentação, R$ 9,82 de limpeza e R$ 9,15 de higiene pessoal.
Em 15 de setembro de 97, alimentação respondia por R$ 87,83, limpeza por R$ 12,01, e higiene pessoal, por R$ 10,90, com altas, respectivamente, de 13,45%, 22,30% e 19,13%.
Diferenças com o IPC
Os índices de preços ao consumidor do tipo IPC da Fipe e INPC acumulam cerca de 70% de alta no Real porque incorporam, além de uma amostra bem mais ampla de alimentos e produtos de higiene e limpeza, itens como aluguel, passagem de ônibus, mensalidade escolar e despesas médicas.
Esses gastos é que lideraram os reajustes de preços no Plano Real. Em três anos de nova moeda, o IPC da Fipe, por exemplo, registrou aumento de 140,78% no item habitação, 114,85% em educação e 101,37% em saúde, baixando para 38,88% no de alimentação e apenas 5,17% em vestuário.
Acomodação
Só agora os preços dos serviços começam a se acomodar. Tanto assim que, no acumulado de 12 meses, IGP-DI e IGP-M, fortemente influenciados por preços no atacado, estão com variação superior ao dos índices de preços no varejo.
O item aluguel teve na terceira quadrissemana de setembro, segundo a Fipe, a menor alta no Real, com 0,65%.
Há também uma ponderação específica para cada um dos bens e serviços pesquisados, pois tratam-se de índices de inflação. A cesta básica, como o próprio nome sugere, indica apenas o essencial consumido por uma família.

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