São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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Capital garantido já supera R$ 1 bi

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Os fundos de capital garantido já abrigam ao redor de R$ 1,2 bilhão de investidores que querem entrar na Bolsa, mas temem sair com menos dinheiro do que entraram.
É pouco para um setor que, só nos FIFs de 60 dias, tem patrimônio líquido de R$ 109 bilhões.
Mas, como se trata de um produto especial, que reúne grupos fechados de investidores, com data certa para entrar e sair, um PL de R$ 1,2 bilhão é significativo.
Uns 70% disso estão com apenas dois bancos, Safra e Itaú, seguidos por Citibank e BankBoston, mas outros estão aderindo. O último peso-pesado a lançá-lo, depois do Bradesco, foi o BB.
Com prazos maiores, o produto ganha novas feições. As novas expectativas para a Bolsa fizeram o Safra, por exemplo, lançar o multigarantido, de 120 dias, que garante 100% do Ibovespa com alta até 30%. Superado esse teto, dispara um gatilho de 7% ao cliente.
David Gotlib, diretor da Linear, e Fernando Ganme, diretor da Checkinvest, criticam esses fundos. O argumento é que a Bolsa precisa subir pelo menos 4% ao mês, ou 60% ao ano, para que se ganhe mais do que na renda fixa.
William Jedwab, diretor de mercado de capitais do Banco Safra, cutuca: "Quando a Bolsa caiu, quem estava no capital garantido não perdeu, ao contrário do que aconteceu com fundos da Linear".
"O brasileiro ainda não tem uma cultura de risco e isso não se adquire de uma hora para outra."
Esequiel Holcman, diretor do BancoCidade, diz que uma carteira com 80% em renda fixa e 20% em ações nem sempre é melhor que o capital garantido. No portfólio, lembra, uma queda muito intensa da Bolsa pode comprometer também a parte da renda fixa.
Quanto maior o prazo, diz Holcman, melhor o desempenho.
O BancoCidade, como o Safra, aperfeiçoou o fundo. Lançou um de 180 dias que, segundo Holcman, garante 50% da renda fixa. Se a Bolsa subir no mínimo 2%, diz ele, já é melhor que renda fixa. "O produto tem força", completa.
Fábio de Oliveira, diretor do BankBoston, também confia nos fundos de capital garantido. No início, confessa, não botava muita fé na receptividade do produto. Mas agora ele acha que o capital garantido veio para ficar.
Bertrand De Dinechin, do Sogeral, diz que o banco acaba de lançar um capital garantido após consultas de clientes. Mas, ao contrário dos concorrentes, o fundo não promete aderência ao Ibovespa em caso de alta. A idéia, diz ele, é buscar rentabilidade e cumprir a garantia do capital aplicado por meio de gestão da carteira.

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