São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
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EUA escolhem melhores livros de negócios

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Os livros de negócios mais influentes do século 20 são "The Seven Habits of Highly Effective People" (os sete hábitos de pessoas muito eficientes), de Stephen Covey, e "In Search of Excellence" (em busca da excelência), de Tom Peters e Robert Waterman, segundo pesquisa da revista "Chief Executive", feita entre 40 mil executivos de empresas com faturamento anual acima de US$ 25 milhões.
Os dois livros são típicos do milionário mercado de publicações para homens de negócios, que chegou ao atual estágio de importância e faturamento há duas décadas.
Pelo menos 150 livros com receitas para executivos são publicados por ano. Quase todos prometem os mesmos milagres: ensinar como liderar, como transformar empresas em sucesso de marketing ou "como fazer amigos e influenciar pessoas", o título do decano da linhagem, publicado em 1936 por Dale Carnegie, colocado em quinto lugar na pesquisa.
Alguns conseguem sair da obviedade, mas despencam no ridículo, como os que tentam oferecer razões religiosas para algumas práticas gerenciais. Executivos aposentados em geral escrevem mal e acadêmicos estão distanciados da realidade. Mas, mesmo assim, alguns autores conseguem o fenômeno de serem ouvidos e suas idéias acabam tendo enorme poder sobre as decisões empresariais da época.
Stuart Crainer, crítico de livros de negócios do "The Financial Times", diz que foi "In Search of the Excellence" que deu partida ao formidável ramo editorial.
Fracassos
Pouco importa que dois terços das empresas saudadas no livro como exemplos tenham se dado muito mal desde então. A obra já vendeu 5 milhões de cópias no mundo, e Peters, 54, que publica um livro por ano, dá uma conferência a cada quatro dias e escreve uma coluna por semana editada em centenas de jornais.
Peters se contradiz com frequência, se classifica como "campeão dos fracassos ousados" e "príncipe da desordem", mas é visto como um semideus por milhares de executivos. Ele tem o dom de prever a direção que os negócios vão tomar e de descrevê-la de maneira acessível. Tem, ainda, a sorte de colocar nas prateleiras o livro com as idéias certas no momento exato: "In Search of Excellence" foi posto à venda na semana em que o desemprego nos EUA chegou à marca histórica de 10%, e "Thriving on Chaos", de 1987, na "Segunda-Feira Negra", em que a Bolsa de Nova York caiu 20%.
Quem empatou com Peters como autor do livro mais influente foi Stephen Covey, 63, talvez um pouco mais respeitado pelos "intelectuais sérios", mas não muito mais. "The Seven Habits of Highly Effective People" ficou 250 semanas na lista "The New York Times", vendeu 6 milhões de cópias em 32 línguas e pôs seu autor na relação das cem pessoas mais importantes dos EUA da "Time". Covey despreza quem o criticam por se limitar a repetir lugares comuns: "O senso comum quase nunca é posto em prática".
Para Crainer, parte do sucesso desse livros se deve ao fato de que os executivos, ao contrário de médicos e advogados, precisam justificar sua profissão. Para isso, buscam respostas a todos os problemas, em especial as que ofereçam razões sociológicas para suas decisões, nem que isso implique mudar de bíblia a cada dois anos.

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