São Paulo, domingo, 28 de setembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Novos tempos atingem empresa de pioneiro

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Durante cinco décadas, a literatura de negócios conhecida no mundo se limitou a um autor: Dale Carnegie. Ele foi o pioneiro nos EUA do setor de desenvolvimento de personalidade. Seus lemas mais famosos eram: "Acredite que você vai dar certo e você dará certo" e "Aprenda a amar, respeitar e sentir prazer com outras pessoas". Morreu em 1955, aos 67 anos, e deixou uma empresa, a Dale Carnegie & Associates, líder no setor de treinamento para liderança.
Como sinal dos tempos, a firma entrou em crise nos anos 90, acossada pela concorrência. A Carnegie não seguiu a lei das mudanças, imperativa a partir da década de 80. Allen Weiner, um dos competidores que roubaram o mercado da Carnegie, diz: "Quando as pessoas pensam em Dale Carnegie, elas pensam num homem de 70 anos, com um terno que seus avôs costumavam usar".
Desde a primeira edição de "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas", em 1936, cerca de 5.000 livros com títulos iniciados com "Como..." foram publicados nos EUA. O mercado de auto-ajuda para homens de negócios, que agora envolve cursos, seminários, vídeos, fitas de áudio, além de livros, movimenta US$ 1,6 bilhão por ano. Pode-se dizer que foi Dale Carnegie quem deu partida a essa indústria. Seu livro ainda vende bastante e é lembrado pelos executivos entre os mais influentes.
Mas seus filhos e genros confiaram demais no poder "post-mortem" do patriarca e pagaram o preço por isso. Afinal, em 1995, deram poder a Stuart Levine, o novo presidente da empresa, para modernizar o que fosse necessário. Levine informatizou a empresa, mudou seu logotipo, deu prioridade ao mercado internacional (em especial na China e no Japão), onde a imagem da Carnegie não se desgastara tanto, e os resultados têm sido bons: após anos de estagnação, em 1996 o faturamento cresceu cerca de 8%.
O "sucessor"
Quando Dale Carnegie morreu, Peter Drucker, o mais respeitado autor da lista dos mais influentes na área da literatura de negócios nos EUA, já era um sehor de 46 anos de idade. Aos 88, ele continua ativo, ensinando na Claremont Graduate School, na Califórnia, Costa Oeste dos EUA, e escrevendo livros e artigos. Ele é o único autor com dois livros na lista da "Chief Executive".
Ao contrário de Covey e Peters, Drucker não é milionário, não fundou uma empresa para ganhar dinheiro, leva vida discreta e dedicada às atividades intelectuais. Além de escrever sobre negócios, pesquisa e ensina arte oriental e história da religião, por exemplo.
Nascido em Viena, em 1909, emigrou com a família para os EUA em 1938, para fugir do nazismo. Embora se tenha dado bem nos EUA, se considera um pouco peixe fora d'água no mundo dos negócios por defender idéias como a de que numa empresa saudável o salário do alto não pode ser mais do que 20 vezes maior que o menor salário de funcionário.
O possível sucessor de Drucker entre os autores de livros de negócios influentes que têm seriedade acadêmica e comportamento ético digno de nota é Michael Porter, autor de "Competitive Strategy". Professor da melhor universidade dos EUA, Harvard, ele não faz concessões a maneirismos quando escreve e obedece sempre as normas do melhor rigor acadêmico.
Embora venda muito menos do que Peters e Covey, Porter é reconhecido a ponto de entrar na lista da "Chief Executive".

Texto Anterior: EUA escolhem melhores livros de negócios
Próximo Texto: Lista revela lado 'sensível' de executivos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.