São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997
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Oferta de importado cai 50% nas lojas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados estão reduzindo em até 50% a linha de importados a ser comercializada no final do ano.
A queda do consumo -sobretudo a partir de junho- e o fato de o governo exigir pagamento à vista dos produtos estrangeiros estão desestimulando as compras no mercado internacional.
Os importados já não tinham participação expressiva na venda dos supermercados. Em 1996, por exemplo, corresponderam a 3%, em média, do faturamento do setor -de R$ 46,8 bilhões. A importação total do país no ano passado somou US$ 53,3 bilhões.
Para este ano, no entanto, a estratégia das empresas era se esforçar para aumentar ao máximo o volume e as opções de mercadorias estrangeiras nas gôndolas -até para estimular a venda e também regular preços.
A previsão inicial dos supermercadistas -que era de no mínimo dobrar as compras no exterior- frustrou. A participação dos importados na receita das empresas não deve passar de 2% neste ano.
Os supermercados paulistas, que representam cerca de 41% do faturamento do setor no país, são unânimes em afirmar que a euforia dos importados passou.
"É que o preço do produto nacional caiu. A indústria também está mais ágil nas entregas", diz Roger Skuropat, diretor de marketing do Cândia, com três lojas em São Paulo.
O Cândia, que faturou R$ 320 milhões em 1996, é um exemplo de supermercado que reduziu em 50% a importação neste ano sobretudo por causa do desestímulo do governo -a exigência do pagamento à vista das mercadorias.
Opção pelo nacional
A rede Barateiro, que também viu a participação dos importados cair de 3% para 2% no faturamento da empresa, considera que o cliente também contribuiu para a redução das opções de produtos estrangeiros nas suas lojas.
João Fernandes D'Almeida Filho, vice-presidente da empresa, diz que o consumidor acabou trocando produto importado por similar nacional, o que, para ele, explica o esforço da indústria para melhorar qualidade e cortar preço.
As empresas especializadas em importação estão sentindo no caixa os efeitos da queda do consumo e do desestímulo às compras externas.
A La Pastina, importadora de alimentos e bebidas, registra queda de 30% no volume dos pedidos dos supermercados nos últimos 60 dias, informa Celso La Pastina, diretor. Se o consumo não reagir, a empresa prevê para este ano faturamento até 15% menor do que o de 1996.
No ano passado, a La Pastina importou 600 contêineres. Neste ano, a previsão é trazer do exterior no máximo 540 contêineres.
O pagamento à vista das importações resultou, nos cálculos de La Pastina, em um aumento de 7% a 8% nos preços dos produtos estrangeiros. As alíquotas para para importação de alimentos e bebidas, diz, variam de 10% a 36%.

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