São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 1997 |
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Acomodados não têm vez
THALES DE MENEZES
Segundo o consultor americano Steve Lorbett, que trabalha para a Microsoft e a Coca-Cola, há "instrumentos essenciais" para o trabalhador globalizado, descritos em seu livro "Rough & Ready". São eles: domínio do inglês e pelo menos uma outra língua "forte" (como ele classifica o alemão, o japonês e o espanhol), acesso à Internet e um cartão de crédito internacional no bolso. Olhando dessa maneira, parece que ser globalizado é coisa para uma elite, já que não é todo mundo que pode ter Internet e cartão de crédito. Mas é preciso entender o que Lorbett quer dizer. Os três "instrumentos" servem a uma só finalidade: conseguir informação. Ser globalizado nada mais é do que assimilar informação, e de uma maneira rápida, para acompanhar melhor as mudanças na sua área. Se a Internet é a principal via de acesso às informações, é bom mesmo compreender o inglês, idioma mais usado na rede. E o cartão de crédito é o único "dinheiro" que pode navegar na rede. Há editoras de livros de engenharia, por exemplo, que liberam a íntegra de seus lançamentos pela Internet depois que o interessado autorize débito no cartão. "Dois professores me autorizaram a usar o número do cartão deles. Depois eu pago o valor para eles", conta Daniel Torgue, 19, aluno da Poli. "Nem Internet eu tenho em casa, mas sempre acho um terminal, seja na casa de amigos, no Instituto Cultural Itaú...". Diógenes Alencar Moura, que coordena o Núcleo de Estudos Mercadológicos da USP, acha que a preocupação em ser globalizado já está sendo absorvida pelos estudantes, sem sobressaltos. "Estudar em outro país não é mais uma opção de poucos. E fazer mais de uma faculdade deixou de ser sinônimo de indecisão", diz. Segundo ele, currículos de profissionais formados em dois cursos assustavam os empregados até a década passada. Hoje, um engenheiro formado também em ciências sociais atrai mais do que outro que tem apenas o diploma da área. Cursos no exterior são considerados necessários e por isso impressionam menos. "Não adianta mais listar dois ou três estágios lá fora. Com a popularização deles, os empregadores ficaram mais seletivos, sabem reconhecer os cursos no exterior que realmente têm peso", explica Soraya Castro, que é "headhunter" (profissional contratado para descobrir novos talentos no mercado) de cinco grandes empresas químicas. A maior dica para uma entrada sem traumas na globalização é ter vontade de estudar sempre, antenado com as novidades na área, sem acomodação. (TM) Texto Anterior: A globalização ainda vai te pegar Próximo Texto: Confira aqui o resultado do teste da capa Índice |
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