São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Policial morre durante rebelião de presos
RENATO KRAUSZ
O carcereiro Paulo Pereira Costa permaneceu cerca de quatro horas como refém dos detentos. O preso Renato Ribeiro foi ferido com um estilete pelos próprios colegas de cela, segundo a polícia. Foi a segunda rebelião no distrito nos últimos três dias. A primeira ocorreu sábado, porque faltou água na delegacia. Ontem, a tentativa de fuga começou às 8h15, quando o carcereiro Costa foi soltar os presos responsáveis pela faxina da cadeia. Ao abrir a porta da carceragem, Costa encontrou os 144 presos do distrito fora das celas. Eles haviam quebrado os cadeados e serrado as grades. O carcereiro foi rendido e os presos tentaram fugir. Silva tentou correr para pedir ajuda aos outros policiais e foi atingido com três tiros nas costas. O escrivão chegou morto ao PS Waldomiro de Paula. A fuga foi impedida pelo investigador Pedro de Paula, que disparou em direção aos presos. Nenhum detento foi atingido. Os presos estavam armados com dois revólveres e um estilete. Como não conseguiram fugir, voltaram à carceragem levando Costa como refém e iniciaram a rebelião. Eles exigiram a presença de um juiz para se entregar. Às 11h40, o juiz-corregedor da Polícia Judiciária Francisco Galvão Bruno chegou à delegacia. Ao meio-dia, os presos se entregaram. Cinco minutos depois, Costa saiu da carceragem, escoltado pelos policiais. O carcereiro disse que não foi agredido, mas estava com um corte no nariz e com a camisa rasgada. No início da noite de ontem, a polícia identificou o preso Joel dos Santos como o autor dos disparos que mataram Silva. A mulher de outro detento foi presa após confessar ter passado as duas armas para dentro da carceragem por uma janela. Sustentava a mãe O escrivão Roberto Carlos Silva estava na polícia havia quatro anos. Ele era solteiro e morava com a mãe e uma irmã mais nova. A mãe de Silva, a diarista Palmira Carlos da Silva, 53, ficou sabendo que o filho fora baleado pelo rádio. "Ele me sustentava", afirmou Palmira, muito abalada. A diarista disse que anteontem seu filho havia comentado que, quando morresse, queria ser enterrado com a bandeira do Brasil sobre o caixão. Texto Anterior: Juiz critica superlotação Próximo Texto: Eventos lembram invasão do Carandiru Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |