São Paulo, segunda-feira, 28 de dezembro de 1998
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O círculo central e a virada inevitável

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E Levir Culpi não aprendeu mesmo a lição que Luxemburgo lhe deu na quarta-feira. Nas mesmas circunstâncias do seu adversário na decisão do Brasileirão, precisando apenas do empate para levantar a Mercosul, diante do Palmeiras, o técnico do Cruzeiro preferiu recuar seu time pra dentro de sua própria área, postando dois cabeças-de-área (Valdir e Ricardinho) à frente dos beques.
Exatamente o oposto do que fez Luxemburgo e por isso mesmo campeão.
Resultado: como se dizia na várzea d'antanho, o Palmeiras plantou a placa no círculo central: aluga-se meio-campo. Tomou, logo de cara, um gol de pênalti, fruto de um dos raros contragolpes mineiros, é verdade. Mas passou o resto do tempo fazendo chover bolas na boca do gol de Dida. Tantas e com tamanha insistência que a virada seria mesmo inevitável.
Só depois dos 2 a 1 contrários é que Levir Culpi resolveu desfazer o malfeito. Inês, porém, já estava lívida e translúcida no seu leito derradeiro. E, no finzinho, ainda levou o terceiro, que é pra ver se agora aprende.
Moral da história: técnico que contraria as características do seu time se estrumbica. Não rima, mas define.
*
O diabo dessa história de escalar a seleção do campeonato é que a pressão começa cedo demais. E você é forçado a escalar seu time antes do clímax do torneio. Quer dizer: antes da decisão, o momento exato em que os verdadeiros heróis ganham rostos e nomes definidos.
Então, a gente embatuca em situações como essa do Dinei, por exemplo.
Acho que foi o Fernando Calazans, em O Globo, que outro dia revelava seu embaraço, mais ou menos assim: agora, o que faço com esse Dinei, que, nos jogos decisivos, marcou um gol e deu outros quatro de bandeja para os companheiros?
É verdade: Dinei morgou a reserva durante todo o campeonato, para entrar só na hora agá e dar o título para seu time. Como tirar do ataque da seleção aqueles que marcaram presença o tempo todo, a exemplo de Edílson, Muller, Fábio Jr., Viola, Valdir e Evair para dar lugar a alguém que não chegou a somar em campo duas ou três partidas inteiras? Mas, como deixar de homenagear tão decisiva figura?
Outro exemplo: na minha seleção, a dupla de ataque era composta por Fábio Jr. e Viola. Mas Edílson está aí disputando, com todos os méritos, a palma de melhor jogador do torneio.
No meio-campo, então, temos um time inteiro para extrair apenas quatro: Vampeta, Rincón, Marcos Paulo (que bobagem, hein, Levir?), Djair, Valdo, Jackson, Petikovic, Alexandre (Lusa), Marcelinho, Alex (que só caiu na segunda fase), sei lá quantos mais.
E na lateral-esquerda? Veja só: Júnior, Gilberto, Athirson, Felipe, Serginho e Augusto. Fica à vontade do freguês, pois qualquer um mereceria figurar entre os 11 do campeonato.

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