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Crítica artes plásticas

Trabalho de Mônica Nador dá sentido à produção da arte

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

Desde 1996, a artista Mônica Nador realiza um trabalho que deu à sua pintura uma nova dimensão: abandonou a produção no ateliê protegido e distante do mundo para colorir as paredes de casas modestas da periferia.

Não se tratou de um ato paternalista. Nador ensinou aos moradores dessas casas como utilizar técnicas como o estêncil (máscaras de papel que permitem pintura seriada), tendo como motivos temas simples, de objetos de cozinha a animais ou plantas.

Essa proposta ganhou maior consistência quando a artista implantou o Jamac (Jardim Miriam Arte Clube), em 2004, uma associação na periferia da zona sul da cidade, onde, além da pintura, passou a promover debates sobre arte e cidadania.

A exposição em cartaz na galeria Luciana Brito, "Cubo Cor - Mônica Nador [Autoria Compartilhada]", é uma síntese dessa proposta.

Na sala principal da galeria, a artista e os membros do Jamac usaram as paredes como suporte, da mesma maneira como pintam as casas.

Em outros espaços, há trabalhos sobre papel e sobre tela. Em todos eles, a repetição de motivos e o uso elegante de cores é a tônica.

Tal qual a famosa capela do expressionista abstrato Mark Rothko (1903-1970), em Houston, o espaço da galeria ganha contornos metafísicos, sustentados no uso de cores. Finda a mostra, no entanto, as paredes novamente retornarão ao branco.

Com isso, Nador alia a tradição da pintura a um exercício colaborativo e conceitual, que coloca em prática a máxima pregada pelo radical Joseph Beuys: "Todo mundo é um artista". Num circuito dominado por valores comerciais um tanto discutíveis, a obra de Nador segue dando sentido à produção da arte.

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CUBO COR - MÔNICA NADOR [AUTORIA COMPARTILHADA]

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