Prodígio indie, Kurt Vile toca no Cine Joia

Aos 32 anos, Kurt Vile, norte-americano da Filadélfia, tem experimentado só agora a repercussão do seu trabalho, que tem quase uma década, quatro discos, quatro EPs e dois singles.

Oriundo de uma geração que gravou as primeiras demos em formato CD-R, ele figurou em 2011 nas mais prestigiosas listas de discos do ano com o álbum "Smoke Ring for My Halo", lançado pela Matador Records.

"A melhor coisa de ter seu trabalho reconhecido é poder tocar para mais pessoas. É só isso o que me importa", disse ele, em entrevista à Folha, sobre show que fará hoje à noite em São Paulo.

Vile dividirá o palco com Thurston Moore, do Sonic Youth, para quem tem feito os shows de abertura da turnê "Demolished Thoughts".

O "frisson" em torno do cantor e compositor não foi sem motivo. Deve-se a uma mistura de alt-country, folk e rock alternativo, com pendor para a psicodelia -esta, nas letras e melodias.

"Tem um pouco de Mutantes e Tom Zé nisso, eu acho", contou ele, colecionador de discos de música brasileira e frequentador de lojas de LPs das cidades por onde tem passado. "Eu sei que há boas lojas do gênero em São Paulo. É bom aproveitar, pois elas estão acabando."

AMIGOS PARA SEMPRE

Além dos discos solo, Vile gravou outros dois com a banda conterrânea The War on Drugs, da qual também fazem parte alguns membros do grupo The Violetors, que o acompanha nos shows.

Sobre a relação com Moore, Vile disse ainda não ter se acostumado. "De repente, estou fazendo shows com o cara que ouvi a vida inteira. E preciso fazer uma cara de quem acha isso normal", ri.

No fim da atual turnê, um disco novo será gerado. "É possível que eu também grave coisas mais antigas. Tenho músicas de dez anos atrás. Acho que chegou a hora mostrá-las", disse, ciente da efemeridade do "hype".