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Crítica Drama Longa encara a sexualidade sem tentar fazer concessões ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Mais do que um tema delicado, a sexualidade dos deficientes físicos é um tabu. Por isso, o grande mérito de "Hasta la Vista" é encará-lo de frente, com uma sensibilidade avessa a qualquer miserabilidade ou comiseração. O êxito desta abordagem reside no humor, bem dosado. Três jovens deficientes belgas decidem perder a virgindade em um bordel. Um é tetraplégico, outro é deficiente visual e o terceiro tem uma doença mortal e vive em uma cadeira de rodas. Gozadores, irascíveis e um pouco infantis, os três amigos se comportam como qualquer jovem. Como o bordel -especializado em pessoas com deficiências motoras- fica na Espanha, os três inventam pretextos para ir. Na viagem libertadora e cheia de peripécias, o trio é acompanhado por uma motorista rabugenta que esconde um segredo. O filme se interessa mais pelo percurso dos protagonistas do que pela perda da virgindade como um fim em si mesma. O processo tem primazia sobre o produto. As tensões dos viajantes com a motorista -que se dissipam gradativamente-, as dificuldades da viagem e as transformações dos protagonistas valem mais do que a mera realização do desejo. Este deslocamento coloca a amizade dos três no centro da narrativa, uma amizade ao mesmo tempo inaudita e universal, tratada sem falsas condescendências. Para tanto, o filme se apoia nos ótimos diálogos, cujo tom varia da vivacidade à crueldade, e em quatro atores em perfeita simbiose com personagens bem construídos. Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros |
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