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Crítica drama

Sobriedade de diretor produz um resultado angustiante

Em seu primeiro longa, canadense Sébastien Pilote deixa impressão forte

Divulgação
Jean-François Boudreau em cena do filme
Jean-François Boudreau em cena do filme

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Crises, sejam pessoais ou sociais, costumam oferecer eficazes molas dramáticas para filmes que não pretendem servir só como um par de horas de evasão no fim de semana.

"O Vendedor", primeiro longa-metragem dirigido pelo canadense Sébastien Pilote, deixa uma impressão forte ao fazer a crônica dos impasses vividos pelo senhor Marcel, um viúvo de 67 anos que se recusa a se aposentar e segue a vida num tempo sem perspectivas.

O tema não é novo, mas se adequa ao Canadá do presente, onde o abalo financeiro fez tremer a autoconfiança na estabilidade local.

A neve incessante, os letreiros pontuando o número de dias em que a principal indústria local está fechada e o movimento cada vez menor na concessionária -onde Marcel lidera há décadas a posição de vendedor do ano- agregam o sentimento progressivo de perda.

A sobriedade com que o diretor estreante trata as situações produz um resultado angustiante, que se integra ao modo existencial do personagem principal.

Até as mortes ficam deslocadas para as bordas do plano. Mesmo a onipresença de simbolismos é distribuída com concisão, revelando cautela do cineasta ante os riscos da obviedade.

Espera-se que Pilote não perca o rumo e adote o modelo do cinema da indignação tagarela de seu compatriota Denys Arcand.

O VENDEDOR
DIREÇÃO Sébastien Pilote
PRODUÇÃO Canadá, 2011
ONDE Cinesesc
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO bom

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