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Crítica comédia

Peça faz da maratona uma metáfora das exigências da vida e da busca de sentido

RODOLFO LUCENA
COLUNISTA DA FOLHA

O ator Anderson Muller já foi um sujeito gordinho -"obesinho", confidencia. Para perder os quilos extras, tratou de começar a correr, há mais de 20 anos. Apaixonou-se pelo esporte, começou a participar de provas, até maratona fez -duas, no Rio.

Faltava juntar suas paixões, a corrida e o teatro.

Não falta mais. Ele faz, ao lado de Raoni Carneiro, "Maratona de Nova York", em que os dois personagens correm quase o tempo todo, em um pequeno tablado nu onde o universo é definido por uma parede/tela que recebe projeções de paisagens, cenas urbanas, céus e luzes.

No total, calculam os atores, que terminam o espetáculo empapados de suor, correm em cena um pouco mais de seis quilômetros. É quase sempre um trote lento, mas há momentos em que aceleram, trocam de lugar e de rumo, movimentam braços e pernas com energia, vontade de chegar a algum lugar.

"O mais difícil é correr e falar", diz Carneiro, que nunca fez uma maratona. Ele se vale da forma física construída em uma atividade chamada bootcamp, combinação de escaladas e exercícios em solo e água que levam à exaustão.

Na peça, os dois personagens se encontram numa noite para um treino de corrida, que inclui desabafos, provocações, brincadeiras, palavrões e comentários machistas. O texto do italiano Edoardo Erba capta quase de forma naturalista a conversa de corredor -preocupações com o tempo e o ritmo da corrida, lesões reais ou fantasiadas, recordes e grandes fracassos.

A plateia acompanha os diálogos, ditos sem empostação exagerada nem histrionismo, como se bisbilhotasse a conversa alheia.

O texto faz da maratona uma metáfora das exigências da vida, da necessidade de superação, da busca de um sentido. "Por que correr?", pergunta um personagem, como se indagasse por que viver, o que dizer ao chegar.

A resposta talvez esteja no desabafo/confidência gritado por Muller depois dos aplausos da estreia: "A endorfina é a melhor droga!".

MARATONA DE NOVA YORK
QUANDO sex. e sáb, às 21h, dom., às 19h; até 29/7
ONDE Teatro Cacilda Becker (r. Tito, 295; tel. 3864-4513)
QUANTO R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
AVALIAÇÃO bom

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