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Crítica drama Entre humor e melancolia, nostalgia da juventude é mote de filme chileno THALES DE MENEZESEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA” Um cara passa dez anos longe da cidade natal, volta para a festa de aniversário de um amigo, reencontra sua antiga paixão adolescente e faz um balanço de sua vida. Pela sinopse manjada, não haveria muito a esperar do filme chileno "A Vida dos Peixes". Mas o diretor e roteirista Matias Bize inova nesse filão em um filme encantador. O personagem principal tem 33 anos -mesma idade do diretor. Andrés é um repórter de turismo que vive em Berlim, invejado pelos amigos por passar o tempo indo de de um hotel para outro. Ele volta a Santiago para o aniversário de Pablo, um de seus melhores amigos. Com passagem em um voo de volta para a Europa na manhã seguinte, ele perambula pela festa e tem conversas homeopáticas com Beatriz, a namorada que deixou para trás. Casada, com um filho, ela se aproxima e se afasta de Andrés, que bate papo com outros convidados entre as idas e vindas da moça. O talento de Bize aparece nessas conversas aleatórias de Andrés, que oscilam entre o humor e a melancolia. Numa deles, o repórter joga game de futebol com dois meninos em um dos quartos, e os pré-adolescentes passam a interrogá-lo sobre suas experiências sexuais. Em outra, duas jovens tentam convencer Andrés a acompanhá-las a outra festa ("muito mais legal"). Para ele e Beatriz sobram as lembranças, boas e más, que voltam à tona enquanto tentam parecer tranquilos. Bize fecha a câmera no rosto dos protagonistas o tempo todo. O efeito é quase teatral, isolando quem tem algo a dizer dos coadjuvantes da festa, distorcidos ao fundo. Assim, fica claro que o mais importante não se passa na festa, mas sim na cabeça de Andrés -bem interpretado por Santiago Cabrera, que fez o pintor vidente Issac na série americana "Heroes".
A VIDA DOS PEIXES |
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