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CRÍTICA / DRAMA

Filme esquemático exagera nas incoerências

'A Vida de Outra Mulher' se perde em afetações de Juliette Binoche e opacidade de personagem de Mathieu Kassovitz

Divulgação
Os atores Juliette Binoche e Mathieu Kassovitz contracenam em 'A Vida de Outra Mulher
Os atores Juliette Binoche e Mathieu Kassovitz contracenam em 'A Vida de Outra Mulher'

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Atriz bastante requisitada e com certo prestígio, a francesa Sylvie Testud passou para trás das câmeras em 1998, com um obscuro curta-metragem.

Depois desse exercício, ela só voltou a dirigir em"A Vida de Outra Mulher", que deve ser considerado seu filme de estreia. O roteiro foi livremente adaptado pela própria diretora a partir do romance "La Vie d'Une Autre" (2007), de Frédérique Deghelt.

O argumento é extravagante, mas digno de interesse. Marie (Juliette Binoche) é uma modesta jovem que se apaixona por Paul (Mathieu Kassovitz) em uma festa, dorme com ele e, quando acorda, 15 anos se passaram.

Ela desperta com uma amnésia. Não sabe o que aconteceu nesse período e aos poucos vai descobrindo: casou-se com Paul, teve um filho e tornou-se uma executiva poderosa e carreirista. Pior: ela constata que não é uma mãe presente e que seu casamento está acabando.

Chocada ao perceber o descompasso entre os sonhos de juventude e a realidade do presente, Marie faz tudo para reconquistar o marido e a felicidade perdida.

Em sua adaptação, infelizmente, Testud escamoteia a dimensão fantástica do tema e acaba optando por algo menos ambicioso. E erra ao dar ao filme dois registros pouco compatíveis entre si.

A primeira parte, que termina com as descobertas de Marie sobre seu passado, transcorre sob o domínio do burlesco. Mas Juliette Binoche põe tudo a perder. Como uma atriz de cinema mudo, ela faz caretas e se sacode com trejeitos afetados, atuando de modo exagerado.

O modelo da comédia de "recasamento" domina a segunda parte, mas a estratégia falha, pois Paul não entende a reaproximação da mulher.

Paul, aliás, nem chega a ser um personagem, não tem densidade para tanto. Abrupto e arbitrário, o final infelizmente também está à altura dos desacertos do roteiro.

A VIDA DE OUTRA MULHER
DIRETOR Sylvie Testud
PRODUÇÃO França/Luxemburgo/Bélgica, 2012
ONDE Espaço Unibanco Augusta, Reserva Cultural e Lumière Playarte
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO regular

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