Curumin festeja a natureza e o caos no álbum "Arrocha"

Curumin decidiu "pegar mais pesado" em seu terceiro disco, "Arrocha", tema do show que apresenta amanhã, no Sesc Belenzinho.

O álbum, porém, nada tem a ver com o ritmo baiano estampado no título, a não ser pela ideia "do dançar colado, do pegar com força". "Tentei fazer uma música mais intuitiva, para escutar com todo o corpo", explica.

Mais eletrônico, sensorial e espiritualista que os anteriores "Achados e Perdidos" (2003) e "JapanPopShow" (2008), o novo trabalho do cantor e baterista é uma ode à natureza e, mais inconsciente, ao caos da Pauliceia.

"Eu precisava falar de natureza, mas sem o chavão 'salve o planeta'. Então fui buscar [referências] nas histórias do candomblé. Os orixás estão, de certa forma, ligados a representações de forças da natureza."

Isso justifica a exploração dos sentidos nas texturas e nas letras -"come mais um copo d'água", em "Afoxoque", e "o brilho de suas águas escorrega nas minhas mãos", em "Doce", por exemplo.

Sem grana e com tempo de sobra, Curumin produziu o disco todo em casa, ao lado de Zé Nigro e Lucas Martins. "Eu comecei a pirar nessa busca de fazer música brasileira dentro da máquina", explica ele exaltando o "modus operandi" do funk carioca.

O apreço do músico pelo experimentalismo com ritmos brasileiros justifica a parceria com o MC Russo Passapusso, de Salvador, a mais iluminada do disco.

"Ele é MC, mas também tem um lado mais tradicional, de composição baiana. Você vê ali coisa do Gil, do Riachão, de Dorival... é muito intuitivo", conta. No disco, Curumin gravou uma música do MC chamada "Passarinho". Passapusso empresta voz e versos à "Afoxoque".

Céu, Gui Amabis, Edy Trombone, Ricardo Hertz, Marcelo Jeneci e Anelis Assumpção também dão suas contribuições ao álbum.