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PATRIMÔNIO
Jovens arquitetos vencem concurso; agência do Anhangabaú terá teatro, cinemas, exposições e biblioteca
Correio vai abrigar centro cultural
NAIEF HADDAD
da Revista da Folha
De uma revista de nome mais
que inusitado -``Caramelo''-
nasceu a Una Arquitetos, formada
por um grupo de jovens. O projeto
da turma dará origem a um grande
centro cultural na região central de
São Paulo.
Eles venceram o concurso promovido pela Empresa de Correios
e Telégrafos, que, em seis meses,
iniciará a reforma de sua agência
central, no Vale do Anhangabaú,
em São Paulo.
O projeto prevê a criação de três
salas de exposição, dois cinemas,
um teatro, uma biblioteca e um
centro de convenções no prédio,
além da manutenção da agência
no primeiro piso.
A ``Caramelo'', que também é o
apelido do vão central da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
FAU, surgiu em 1990.
Sua equipe, formada por Ana
Paula Pontes, 25, Catherine Otondo, 28, Cristiane Muniz, 26, Fábio
Valentim, 26, Fernanda Barbara,
29, e Fernando Viégas, 26, estava
no segundo ano do curso. Hoje
eles compõem a Una.
Prêmios
Eles se formaram em 1993 e, no
ano seguinte, espalharam-se pelos
escritórios de Paulo Mendes da
Rocha, Marcos Acayaba, André
Vainer, entre outros.
Os amigos se uniram novamente
no final de 1994 para criar seu próprio escritório, que não demorou
para iniciar sua coleção de prêmios.
Em novembro de 1995, receberam pelo projeto de duas casas no
Morumbi menção honrosa no
Prêmio Jovens Arquitetos, promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
Em agosto de 1996, ficaram em
segundo em outro concurso organizado pelo IAB para uma escola-modelo em Ribeirão Preto, interior do Estado de São Paulo.
Na última segunda-feira, levaram o primeiro lugar com o projeto para a agência dos Correios,
construída em 1922.
``Desde o tempo em que estudávamos na FAU, tínhamos em comum o desejo de renovação e
adensamento da área central de
São Paulo'', afirmou Fábio Valentim.
Fim do curso
No último ano de faculdade, a
turma da ``Caramelo'' se dividiu
para realizar o projeto de conclusão de curso.
Já se dedicavam a mudar, em tese, a cara do centro da cidade. Um
grupo sugeria a desmontagem do
elevado Costa e Silva (Minhocão) e
outro a construção de uma linha
de trem subterrânea na ligação
centro-zona leste, em substituição
à atual na superfície.
Além disso, Ana Paula Pontes,
uma das arquitetas da Una, coordena as obras da Pinacoteca do Estado, na região central. Como o
edifício dos Correios, o museu
também foi idealizado por Ramos
de Azevedo.
Para a elaboração do projeto
vencedor, o grupo contou com a
consultoria dos historiadores Pedro Puntoni e Rodrigo Naves, que
também é crítico de arte. Colaboraram também os arquitetos Antônio Carlos Barossi, Regina Meyer e Renato Viégas, o engenheiro
Hani Ricardo Barbara e o estagiário Gustavo Moura.
Democracia cultural
Embora admita que pareça utópico, o coordenador do projeto de
remodelação da agência dos Correios, Cézar Bergstrom, planeja
um espaço voltado à diversidade.
``Para que um centro cultural seja fecundo, tem que contemplar
todos os tipos de público'', disse.``Se você faz algo voltado para
determinada classe, acaba criando
um gueto.''
Para ele, esse perfil pode ser atingido devido às características do
próprio centro, ``talvez a única
área na cidade que mantém essa
diversidade de público''.
O projeto prevê a construção de
um teatro com três possibilidades
de estrutura, com avanço do palco.
Assim, sua capacidade varia de
430 a 500 lugares (médio porte). Os
dois cinemas poderão reunir até
280 pessoas cada um.
Climatizada, a principal das três
salas para exposições terá 400 m2.
Por fim, o edifício será dotado de
uma biblioteca informatizada, incluindo coleção de CD-ROM, e de
um centro de convenções.
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