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MÚSICA
Dona Ivone Lara, Monarco e Zé Luiz do Império participam
Fino do samba carioca vem a SP para homenagear Roberto Ribeiro
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
No Rio, os dez anos de morte do
cantor Roberto Ribeiro (1940-1996) foram lembrados no último
mês com uma festa na quadra da
Império Serrano, escola na qual
foi o puxador por uma década.
Em São Paulo, o intérprete nascido em Campos (Estado do Rio)
será lembrado com um show no
Sesc Pompéia, amanhã e sábado,
do qual participam três parceiros
musicais -dois deles também
companheiros na escola de samba de Madureira.
Madrinha da ala dos compositores da Império Serrano, Dona
Ivone Lara, 84, compôs, com Délcio Carvalho, "Acreditar" e "Liberdade", músicas imortalizadas
na voz timbrada de Ribeiro.
"A perda dele nos traz muita
saudade. Não esquecemos do sucesso, do bom caráter que ele era.
O Roberto Ribeiro defendeu a
música para nós e se consagrou
como um dos maiores puxadores
de samba-enredo", diz.
Na apresentação que fará, Dona
Ivone Lara mostra, além desses
dois sambas cantados por Ribeiro, outros sucessos da carreira da
sambista que, quando não são incluídos no repertório, o público
pede: "Mas Quem Disse que Eu te
Esqueço" e "Candeeiro da Vovó".
Compositor e líder da velha-guarda da escola carioca, Zé Luiz
do Império, 61, relembra em São
Paulo três músicas suas gravadas
por Ribeiro: "Todo Menino É um
Rei", "Tempo Ê" e "Malandros
Maneiros" -as duas primeiras
feitas em parceria com Nelson
Rufino e a última com Nei Lopes.
Timbre único
"O Roberto era o melhor cantor
de samba. Era único, um intérprete que, pelo timbre de voz, não teve seguidor. Deixou mesmo esse
vácuo, esse espaço que acho difícil
de ser preenchido", diz Zé Luiz.
"Esta homenagem é muito justa,
tenho a maior honra de participar
porque fui um dos primeiros autores a gravar com ele. Mas acho
que deveria ser uma coisa muito
maior, nacional. A gravadora
[EMI] não fez nada. Comeu o filé,
mas numa hora dessas não rende
nenhuma homenagem."
Dos primeiros contatos entre
autor e intérprete -na noite carioca, antes mesmo de Ribeiro se
tornar cantor- à gravação da
primeira música, Zé Luiz recorda:
"Coincidentemente, naquela época o [baiano] Nelson Rufino veio
para o Rio participar de uns festivais. Foi então que fizemos a primeira parceria, "Tempo Ê". Conversando com o Roberto, falei que
ia mandar a música e, de cara, foi
a primeira faixa do disco ["Arrasta
Povo", de 1976]. Naquele tempo, a
medição era o "Fantástico". Se a
música saía no programa, a gente
ficava com uma certa marra", relembra. "Dali, virou um negócio
de amizade, de família, de conviver em casa."
Do tributo a Roberto Ribeiro,
participa também o portelense
Monarco, compositor de "Quitandeiro" e "Proposta Amorosa",
outras duas do repertório do intérprete de Campos.
Memória
Paralelamente aos shows, a viúva de Ribeiro, Liete de Souza, 66,
lançará seu livro "Dez Anos de
Saudade" (Potiguar Editora), no
qual conta como o marido começou, fala sobre sua discografia, da
participação no Império, do problema de visão (perdeu um olho
em razão de uma contaminação
por fungo agravada pelo diabetes)
e de sua morte -foi atropelado
em janeiro de 1996.
Tributo a Roberto Ribeiro
Quando: sex. e sáb., às 21h
Onde: Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia,
93, tel. 3871-7700)
Quanto: R$ 5 a R$ 15
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