São Paulo, quinta-feira, 02 de fevereiro de 2006

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MÚSICA

Dona Ivone Lara, Monarco e Zé Luiz do Império participam

Fino do samba carioca vem a SP para homenagear Roberto Ribeiro

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

No Rio, os dez anos de morte do cantor Roberto Ribeiro (1940-1996) foram lembrados no último mês com uma festa na quadra da Império Serrano, escola na qual foi o puxador por uma década.
Em São Paulo, o intérprete nascido em Campos (Estado do Rio) será lembrado com um show no Sesc Pompéia, amanhã e sábado, do qual participam três parceiros musicais -dois deles também companheiros na escola de samba de Madureira.
Madrinha da ala dos compositores da Império Serrano, Dona Ivone Lara, 84, compôs, com Délcio Carvalho, "Acreditar" e "Liberdade", músicas imortalizadas na voz timbrada de Ribeiro.
"A perda dele nos traz muita saudade. Não esquecemos do sucesso, do bom caráter que ele era. O Roberto Ribeiro defendeu a música para nós e se consagrou como um dos maiores puxadores de samba-enredo", diz.
Na apresentação que fará, Dona Ivone Lara mostra, além desses dois sambas cantados por Ribeiro, outros sucessos da carreira da sambista que, quando não são incluídos no repertório, o público pede: "Mas Quem Disse que Eu te Esqueço" e "Candeeiro da Vovó".
Compositor e líder da velha-guarda da escola carioca, Zé Luiz do Império, 61, relembra em São Paulo três músicas suas gravadas por Ribeiro: "Todo Menino É um Rei", "Tempo Ê" e "Malandros Maneiros" -as duas primeiras feitas em parceria com Nelson Rufino e a última com Nei Lopes.

Timbre único
"O Roberto era o melhor cantor de samba. Era único, um intérprete que, pelo timbre de voz, não teve seguidor. Deixou mesmo esse vácuo, esse espaço que acho difícil de ser preenchido", diz Zé Luiz. "Esta homenagem é muito justa, tenho a maior honra de participar porque fui um dos primeiros autores a gravar com ele. Mas acho que deveria ser uma coisa muito maior, nacional. A gravadora [EMI] não fez nada. Comeu o filé, mas numa hora dessas não rende nenhuma homenagem."
Dos primeiros contatos entre autor e intérprete -na noite carioca, antes mesmo de Ribeiro se tornar cantor- à gravação da primeira música, Zé Luiz recorda: "Coincidentemente, naquela época o [baiano] Nelson Rufino veio para o Rio participar de uns festivais. Foi então que fizemos a primeira parceria, "Tempo Ê". Conversando com o Roberto, falei que ia mandar a música e, de cara, foi a primeira faixa do disco ["Arrasta Povo", de 1976]. Naquele tempo, a medição era o "Fantástico". Se a música saía no programa, a gente ficava com uma certa marra", relembra. "Dali, virou um negócio de amizade, de família, de conviver em casa."
Do tributo a Roberto Ribeiro, participa também o portelense Monarco, compositor de "Quitandeiro" e "Proposta Amorosa", outras duas do repertório do intérprete de Campos.

Memória
Paralelamente aos shows, a viúva de Ribeiro, Liete de Souza, 66, lançará seu livro "Dez Anos de Saudade" (Potiguar Editora), no qual conta como o marido começou, fala sobre sua discografia, da participação no Império, do problema de visão (perdeu um olho em razão de uma contaminação por fungo agravada pelo diabetes) e de sua morte -foi atropelado em janeiro de 1996.


Tributo a Roberto Ribeiro
Quando: sex. e sáb., às 21h
Onde: Sesc Pompéia - choperia (r. Clélia, 93, tel. 3871-7700)
Quanto: R$ 5 a R$ 15



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