São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

Texto Anterior | Índice

Telas de Saleme mostram as suas marcas em SP

"Liquid Paper", que é inaugurada na Luisa Strina, alude ao processo de correção de erros que deixa vestígios no papel

Individual apresenta dez novas telas da pintora paulistana; em algumas delas, há a presença de figuras e de céu ameaçador


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

As novas pinturas de Marina Saleme parecem testar a permanência das coisas. Elas podem ser vistas em sua nova exposição individual, que é aberta hoje e inaugura o ano da galeria Luisa Strina, em São Paulo. "Liquid Paper" reúne dez telas, algumas de grande proporção -"Por Trás Disso Tudo", por exemplo, tem 2,90 m x 4,40 m.
"O nome da mostra tem a ver com isso, o corretivo usado para apagar erros, mas que sempre deixa marcas no papel", diz Saleme, 50, artista paulistana surgida no final dos anos 80, que participou da 20ª Bienal de São Paulo, entre outras exposições de prestígio.
Em alguns quadros presentes na mostra, Saleme usa elementos figurativos; em outros surge uma malha ao fundo, com formas semelhantes a de arabescos. "Esses elementos estão desde o começo da minha obra e sempre ressurgem, às vezes com mais força", diz a artista.
"Em alguns dos trabalhos, tento apagá-los passando camadas de tinta, mas o desenho não sai mais da tela, fica visível."
Figuras enigmáticas dão a pinturas como "Por Trás..." e "Atados" um clima de estranheza. "Sempre vejo as minhas telas como paisagens. Pode haver pessoas ou elas podem estar só sugeridas", diz. Outra característica dos quadros é um céu de cores fortes, que parece desabar sobre a superfície, como na obra "Ali, Onde As Pessoas Não Estão". "Ele tem algo de ameaçador, as cores escolhidas não têm muito a ver com o azul normalmente utilizado em paisagens otimistas."
Para chegar às cores usadas nos trabalhos, Saleme não parte de nada claramente pré-estabelecido. "É sempre um embate físico muito grande com os quadros. Vou pintando sem parar até o fim do dia. E, quando volto no dia seguinte, às vezes refaço tudo, fazendo com que a cor original seja só um indício quando acho que cheguei ao resultado final."
Para o crítico de arte Cauê Alves, autor de um texto de apresentação da mostra, "há em seu trabalho [no de Saleme] um constante recomeço que é também uma procura incessante". "Tudo se passa como se as soluções já estivessem no interior da pintura, no fundo da tela, e fossem parcialmente recuperadas."

Painel
Além da mostra de Saleme, no segundo andar da galeria, o artista Gilberto Mariotti apresenta um painel feito exclusivamente para o espaço, em um projeto intitulado "Canteiro".


LIQUID PAPER - MARINA SALEME
Quando: abertura hoje, às 19h; de seg. a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h às 17h; até 3/4
Onde: galeria Luisa Strina (r. Oscar Freire, 502, tel. 3088-2471); livre
Quanto: entrada franca



Texto Anterior: Filmes de 1 minuto são exibidos nas paredes, no chão e em sala do Masp
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.