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Telas de Saleme mostram as suas marcas em SP
"Liquid Paper", que é inaugurada na Luisa Strina, alude ao processo de correção de erros que deixa vestígios no papel
Individual apresenta dez novas telas da pintora paulistana; em algumas delas, há a presença de figuras e de céu ameaçador
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
As novas pinturas de Marina
Saleme parecem testar a permanência das coisas. Elas podem ser vistas em sua nova exposição individual, que é aberta
hoje e inaugura o ano da galeria
Luisa Strina, em São Paulo. "Liquid Paper" reúne dez telas, algumas de grande proporção
-"Por Trás Disso Tudo", por
exemplo, tem 2,90 m x 4,40 m.
"O nome da mostra tem a ver
com isso, o corretivo usado para apagar erros, mas que sempre deixa marcas no papel", diz
Saleme, 50, artista paulistana
surgida no final dos anos 80,
que participou da 20ª Bienal de
São Paulo, entre outras exposições de prestígio.
Em alguns quadros presentes na mostra, Saleme usa elementos figurativos; em outros
surge uma malha ao fundo, com
formas semelhantes a de arabescos. "Esses elementos estão
desde o começo da minha obra
e sempre ressurgem, às vezes
com mais força", diz a artista.
"Em alguns dos trabalhos, tento apagá-los passando camadas
de tinta, mas o desenho não sai
mais da tela, fica visível."
Figuras enigmáticas dão a
pinturas como "Por Trás..." e
"Atados" um clima de estranheza. "Sempre vejo as minhas
telas como paisagens. Pode haver pessoas ou elas podem estar
só sugeridas", diz. Outra característica dos quadros é um céu
de cores fortes, que parece desabar sobre a superfície, como
na obra "Ali, Onde As Pessoas
Não Estão". "Ele tem algo de
ameaçador, as cores escolhidas
não têm muito a ver com o azul
normalmente utilizado em paisagens otimistas."
Para chegar às cores usadas
nos trabalhos, Saleme não parte de nada claramente pré-estabelecido. "É sempre um embate físico muito grande com os
quadros. Vou pintando sem parar até o fim do dia. E, quando
volto no dia seguinte, às vezes
refaço tudo, fazendo com que a
cor original seja só um indício
quando acho que cheguei ao resultado final."
Para o crítico de arte Cauê
Alves, autor de um texto de
apresentação da mostra, "há
em seu trabalho [no de Saleme]
um constante recomeço que é
também uma procura incessante". "Tudo se passa como se
as soluções já estivessem no interior da pintura, no fundo da
tela, e fossem parcialmente recuperadas."
Painel
Além da mostra de Saleme,
no segundo andar da galeria, o
artista Gilberto Mariotti apresenta um painel feito exclusivamente para o espaço, em um
projeto intitulado "Canteiro".
LIQUID PAPER - MARINA
SALEME
Quando: abertura hoje, às 19h; de seg.
a sex., das 10h às 19h, e sáb., das 10h
às 17h; até 3/4
Onde: galeria Luisa Strina (r. Oscar
Freire, 502, tel. 3088-2471); livre
Quanto: entrada franca
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