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São Paulo, quinta-feira, 03 de julho de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição "Traços da Razão" apresenta obras de 17 artistas, na maioria desconhecidos no Brasil

"Reflexão" chilena preenche o MAC

Divulgação
Obra do artista chileno Lotty Rosenfeld, que está em "Traços da Razão", em cartaz no MAC-USP


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Discretos, tímidos, em busca de uma reflexão interior, assim somos os chilenos, e isso se reflete em nossa produção artística", afirma Ernesto Muñoz, curador chileno, responsável pela mostra "Traços da Razão", que é inaugurada hoje no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP.
A exposição percorre, por meio de 17 artistas chilenos, todos vivos, a cena contemporânea do país, ressaltando as características de cunho pessoal destacadas por Muñoz. Em sua maioria desconhecidos no Brasil, os artistas chilenos mostram-se antenados com a produção contemporânea, especialmente no uso de diferentes mídias, da tradicional pintura ao uso da imagem digital.
A mostra seria montada no prédio da Fundação Bienal, no parque Ibirapuera, no espaço que o MAC herdou, mas a reforma do local não acabou a tempo. Assim, foi preciso diminuir o número de obras para a ocupação de três salas da sede do museu, na USP.
O curador selecionou duas artistas octogenárias como paradigmas da exposição. Numa sala, cinco esculturas em bronze da década de 50 de Lily Garafulic, 89, apontam para a importância da arte concreta, que ainda sobrevive na produção de artistas como Alicia Larrain e Ximena Mandiola. Nessa sala, estão alocadas ainda duas obras do acervo do MAC, prêmios da Bienal de São Paulo: Nemesio Antúnez e Mario Toral.
Já Matilde Pérez, 85, representa a segunda vertente da mostra: da aplicação da tecnologia à arte. Suas obras, três imagens de impressão digital, foram adquiridas pela Embaixada do Chile no Brasil e doadas ao MAC. Nessa sala, encontram-se artistas como Jorge Brantmayer, que fotografa objetos, como pedras, corais ou pães, em forma de coração. Aqui também está um desenho de Roberto Matta, o mais prestigiado dos artistas chilenos, com uma obra do acervo do próprio MAC.
Finalmente, na sala de entrada do museu estão obras que dialogam com a arte popular. Andrés Vio, por exemplo, cria imensos e impressionantes tapetes feitos com papel jornal, enquanto Francisco de la Puente apresenta obras feitas a partir do remendo de pedaços de tecidos.
"Durante o período Pinochet, artistas tinham uma produção muito politizada. Isso se transformou para uma arte crítica dos costumes e hoje, como se vê na mostra, há uma atitude irônica e reflexiva, que utiliza até elementos da cultura popular, sem apelar para o folclórico", afirma Muñoz.

TRAÇOS DA RAZÃO. Mostra de 17 artistas chilenos. Curadoria: Ernesto Muñoz. Onde: Museu de Arte Contemporânea da USP (r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, tel. 3091-3327). Quando: abertura, hoje, às 19h; de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h. Até 10/8. Quanto: grátis.


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