São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Crítica/"Elsa e Fred - Um Amor de Paixão"

Dupla garante boas cenas em comédia inteligente

Divulgação
China Zorrilla e Manuel Alexandre em cena do filme argentino


SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

O que leva alguém a inventar um subtítulo como "Um Amor de Paixão" para um romance? Qualquer romance? "Romeu e Julieta - Um Amor de Paixão"? "Harry e Sally - Um Amor de Paixão"? Não dá, né? Pois os distribuidores brasileiros de "Elsa y Fred", filme argentino que estreou na última sexta-feira, acharam que tal complemento era necessário.
E, assim, condenaram uma boa comédia a ser tomada, num primeiro momento, por um negócio piegas e melodramático. Não é. O cineasta Marcos Carnevale, que também é co-autor do roteiro, conseguiu aquilo que o cinema argentino tem feito bem e de forma constante: filmes que são ao mesmo tempo comerciais e inteligentes. Sem subestimar quem assiste ou abusar de clichês.
A história, que é uma co-produção Argentina/Espanha, se passa em Madri e em Roma. Elsa (China Zorrilla) é uma senhora argentina de 82 anos, divorciada, cheia de manhas e truques para manipular a família e realizar seus desejos.
Começa o filme quebrando a lanterna de um carro e fugindo descaradamente, mesmo percebendo que foi vista por um garotinho. Mentirosa e alegre, extravagante e espaçosa, fica na cara que logo ela causará estragos na vida de alguém.
Alfredo (Manuel Alexandre), por sua vez, é um simpático e acanhado viúvo de 78 anos, que reluta em se acostumar à solidão após a morte da mulher.
Vizinhos, os dois se aproximam por insistência -e devido a pequenas tramóias- de Elsa. A velhota que o faz rir possui uma misteriosa ansiedade de aproveitar a vida -só explicada mesmo quando, ao longo do filme, sabe-se que ela sofre de uma doença muito grave.
Alfredo, apesar de amedrontado, hipocondríaco e cheio de fragilidades, logo desaba por ela e por suas artes. Crê, inclusive, que pode realizar o maior desejo da amada: reproduzir a cena de "A Doce Vida" (Federico Fellini, 1960), em que Anita Ekberg se exibe para Marcello Mastroianni toda ensopada, na Fontana de Trevi.
Os atores Manuel Alexandre, que por este papel foi indicado ao Goya deste ano, e China Zorrilla, que é uruguaia, mas cumpre direitinho a tarefa de interpretar uma típica senhora portenha nos modos e trejeitos, garantem o filme, mesmo nos momentos em que pode tropeçar em acidentais lugares-comuns do roteiro.

ELSA E FRED - UM AMOR DE PAIXÃO    
Direção:
Marcos Carnevale
Produção: Espanha/Argentina, 2005
Onde: cines Frei Caneca Unibanco Arteplex e circuito



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