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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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Atual animação espelha anos 80

DO COLUNISTA DA FOLHA

A atual animação noturna de clubbers e rockers encontra espelho na década de 80, quando de dia se discutia as performances no Atari, tentava-se sobreviver no Pacman, melhorar no cubo mágico. Mas, à noite, vestindo uma calça Soft Machine, era a vez de sair para a balada. Se o número de opções de clubes era menor naquela época e a busca de informação musical era mais complicada, a vibração era a mesma.
A correspondência é tanta que hoje, dentro da cena eletrorock, um forte revival dos anos 80 encontra lugar para lotadas casas que tocam as músicas de 20 anos de idade.
Isso explica o sucesso de noites como a Trash 80's (centro) e a do Projeto Autobahn (Pinheiros), e da recém-inaugurada Discology (um resgate mais eletrônico, que chega até os anos 70).
"A prova de que hoje está tão bom para sair quanto nos anos 80 é a aceitação do público de hoje ao som daquela época, o que explica essa moda atual das músicas e bandas que existiam há 20 anos", diz Kid Vinil. "Se você for comparar, o público que vai a essas casas de anos 80 hoje é praticamente o mesmo que ouve coisas atuais e vai à Lov.e ou à Funhouse", analisa o radialista, que em 2003 discoteca no Trip Dancing Bar e já tocou no Madame Satã dos 80.

O princípio
Lá nos anos 80, no princípio era o Gallery. E o Victoria Pub. E só. Depois veio a onda das danceterias, em 83, com o Rose BomBom, o Radar Tantã e o Rádio Clube.
Com exceção do Rose Bom-Bom, que era um clube pequeno, os outros dois arrastavam multidões para dançar. O Radar Tantã abrigava shows de bandas novas nos 80 e costumava levar 2.000 pessoas, em um sábado, para dançar e ver ao vivo iniciantes como Lobão e os Ronaldos, Os Paralamas do Sucesso.
"Era a época da new wave. Ao tocar Devo, B-52's, Police e Pretenders na pista, o lugar virava uma loucura", lembra Kid Vinil.
Logo em seguida veio a segmentação e os clubes mais específicos. O Madame Satã para a vanguarda, o Napalm para os mais punks, e o Rose Bom-Bom ia levando som moderno para gente mais abastada. Como está acontecendo hoje, com o público de rock mais aberto à eletrônica e vice-versa, nos 80 era comum frequentar casas de estilos diferentes.
Nos anos 90, o rock era saboreado ao gosto do som alternativo americano, da revolução grunge e do levante indie inglês. Mas quem tirou mesmo os jovens de casa foi a cena eletrônica. Agora não.



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