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TEATRO
Livre adaptação da trilogia da tragédia de Édipo e sua família é encenada em peça solo com Graça de Andrade
Atriz projeta sua própria Antígone por meio de Sófocles
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto Antunes Filho burila
a sua (talvez para dezembro ou
início de 2005), outras Antígonas
despontam aqui e ali. Os Satyros
mostraram sua versão no ano
passado. Porto Alegre conferiu,
neste ano, a de Luciano Alabarse e
Kathrin Rosenfield. Agora, o Centro Cultural São Paulo recebe monólogo.
Em cartaz desde ontem, "Antígone Emparedada" é projeto solo
de Graça de Andrade, uma livre
adaptação para a trilogia de Sófocles ("Édipo Rei", "Édipo em Colono" e sobretudo "Antígone",
peça de 441 a.C. -o nome da protagonista também costuma ser
grafado com "a" ao final).
"Antígone, a meu ver, é o ramo
virtuoso da geração de Édipo. A
sua primeira aparição ocorre em
"Édipo Rei", quando ainda menina
presencia o sofrimento descomunal de seu pai", diz Andrade.
Conforme seqüência do mito da
família dos Labdácidas, Édipo é
um parricida. Mata o próprio pai,
Laio, casa-se com sua própria
mãe, Jocasta, e gera filhos que terão uma existência igualmente
amaldiçoada. E ele pratica tais
atos sem sabê-los.
"Édipo foi um instrumento nas
mãos divinas. Ao contrário, Antígone deliberadamente conduziu
o seu próprio destino, como a
personagem afirma. Ela assume
todos os seus atos e conseqüências", destaca Andrade.
Antígone impõe suas convicções aos desmandos do Estado,
representado pela figura de
Creonte. Está determinada a celebrar o funeral do irmão, Polinice,
mas termina enterrada viva, sob
pedras.
"Antígone Emparedada" começa com as portas do túmulo fechando-se sobre a personagem
vestida com túnica branca, de
acordo com o ritual grego.
Ela surge confinada numa cela
de pedra. Há uma fresta de luz pela qual se espera que o espectador
tenha noção da passagem do tempo -o curso de um dia, no caso
da peça.
Graça de Andrade estava afastada dos palcos desde "O Pequeno
Mago" (1997). É uma atriz com
bagagem: já trabalhou com Antunes Filho, Plínio Marcos, Cacá
Carvalho e outros.
Quem dirige o monólogo é Nelson Peres, ator visto há pouco em
"Querência" e "O Capote". Atualmente, ele está no elenco de "O
Que Restou do Sagrado", direção
de Mário Bortolotto, com o grupo
Cemitério de Automóveis.
ANTÍGONE EMPAREDADA. Texto e
atuação: Graça de Andrade, livre
adaptação da trilogia de Sófocles.
Direção: Nelson Peres. Iluminação: PH.
Figurino: Bartira Martins. Onde: Centro
Cultural São Paulo - espaço cênico
Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, tel.
0/xx/11/3277-3611). Quando: ter. a qui.,
às 21h. Quanto: R$ 12 (R$ 1,30 no dia 18/
11). Até 16/12.
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