São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

Texto Anterior | Índice

TEATRO

Livre adaptação da trilogia da tragédia de Édipo e sua família é encenada em peça solo com Graça de Andrade

Atriz projeta sua própria Antígone por meio de Sófocles

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto Antunes Filho burila a sua (talvez para dezembro ou início de 2005), outras Antígonas despontam aqui e ali. Os Satyros mostraram sua versão no ano passado. Porto Alegre conferiu, neste ano, a de Luciano Alabarse e Kathrin Rosenfield. Agora, o Centro Cultural São Paulo recebe monólogo.
Em cartaz desde ontem, "Antígone Emparedada" é projeto solo de Graça de Andrade, uma livre adaptação para a trilogia de Sófocles ("Édipo Rei", "Édipo em Colono" e sobretudo "Antígone", peça de 441 a.C. -o nome da protagonista também costuma ser grafado com "a" ao final).
"Antígone, a meu ver, é o ramo virtuoso da geração de Édipo. A sua primeira aparição ocorre em "Édipo Rei", quando ainda menina presencia o sofrimento descomunal de seu pai", diz Andrade.
Conforme seqüência do mito da família dos Labdácidas, Édipo é um parricida. Mata o próprio pai, Laio, casa-se com sua própria mãe, Jocasta, e gera filhos que terão uma existência igualmente amaldiçoada. E ele pratica tais atos sem sabê-los.
"Édipo foi um instrumento nas mãos divinas. Ao contrário, Antígone deliberadamente conduziu o seu próprio destino, como a personagem afirma. Ela assume todos os seus atos e conseqüências", destaca Andrade.
Antígone impõe suas convicções aos desmandos do Estado, representado pela figura de Creonte. Está determinada a celebrar o funeral do irmão, Polinice, mas termina enterrada viva, sob pedras.
"Antígone Emparedada" começa com as portas do túmulo fechando-se sobre a personagem vestida com túnica branca, de acordo com o ritual grego.
Ela surge confinada numa cela de pedra. Há uma fresta de luz pela qual se espera que o espectador tenha noção da passagem do tempo -o curso de um dia, no caso da peça.
Graça de Andrade estava afastada dos palcos desde "O Pequeno Mago" (1997). É uma atriz com bagagem: já trabalhou com Antunes Filho, Plínio Marcos, Cacá Carvalho e outros.
Quem dirige o monólogo é Nelson Peres, ator visto há pouco em "Querência" e "O Capote". Atualmente, ele está no elenco de "O Que Restou do Sagrado", direção de Mário Bortolotto, com o grupo Cemitério de Automóveis.


ANTÍGONE EMPAREDADA. Texto e atuação: Graça de Andrade, livre adaptação da trilogia de Sófocles. Direção: Nelson Peres. Iluminação: PH. Figurino: Bartira Martins. Onde: Centro Cultural São Paulo - espaço cênico Ademar Guerra (r. Vergueiro, 1.000, tel. 0/xx/11/3277-3611). Quando: ter. a qui., às 21h. Quanto: R$ 12 (R$ 1,30 no dia 18/ 11). Até 16/12.


Texto Anterior: Bexiga inaugura novo espaço cultural
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.