|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEMÓRIA
Espaço funciona contíguo ao saguão do teatro
Nick Bar resgata nome e estilo do vizinho do TBC nos anos 50 e 60
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No 311 da rua Major Diogo, vizinho ao Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), o Nick Bar foi, entre
49 e 64, uma espécie de extensão
do camarim para artistas, intelectuais e público em geral.
Um pouco do glamour daquela
época é resgatado no bar de mesmo nome, inaugurado oficialmente na última terça-feira (abriu
informalmente em setembro) e
instalado dentro do TBC, numa
área contígua ao saguão.
Não se trata de iniciativa movida apenas por nostalgia. "Não estamos reproduzindo o bar do
passado e tampouco abrindo um
bar moderninho. Queremos, sim,
funcionar como um chamariz,
não só para os espectadores que
vão ao teatro, mas para aqueles
que apreciam uma boa comida e
um bom vinho", afirma um dos
sócios do Nick Bar redivivo, o artista plástico Clibas Chasseraux
Diniz, 25. O projeto, diz ele, custou cerca de R$ 20 mil.
Se a nostalgia não corresponde
integralmente ao conceito, ela é
mais assumida na concepção estética. O arquiteto e cenógrafo J.C.
Serroni montou um ambiente em
estilo art déco (anos 20 e 30), com
tons amarelo-torrado nas paredes
e alaranjado no teto. A capacidade é para 50 pessoas.
A imagem da atriz Cacilda Becker (1921-69), que passou boa
parte da sua carreira nos palcos
do TBC, estampa a capa do cardápio. Entre as opções, saladas, tábuas de queijos ou frios, lanches,
coquetéis e vinhos.
O perfil é distinto do Nick Bar
original, que se aproximava mais
de um restaurante. "Era ali que a
gente fazia as nossas refeições leves, antes ou depois das sessões.
Havia pelo menos dez apresentações por semana, incluindo as
matinês", afirma a atriz Cleyde
Yáconis, 77.
Como a irmã, Cacilda, ela pertence à geração que projetou o
nome do palco da Bela Vista na
história do teatro nacional. "O
Nick era um ambiente pequeno,
harmonioso. À noite, os artistas
se reuniam no bar para ouvir o
piano de Carlos Vergueiro, por
exemplo", diz Cleyde.
Inezita Barroso, apresentadora
do "Viola Minha Viola" (TV Cultura), também costumava dar
uma canja por lá.
Quem comprava ingresso para
uma das peças em cartaz no TBC
tinha direito a um jantar. Entre os
fregueses, figuravam ainda escritores, como Jorge Amado e Érico
Veríssimo.
O dono do bar original era o
boêmio Joe Kantor, que se apropriou do título da montagem
"Nick Bar... Álcool, Brinquedos e
Ambições", texto do americano
William Saroyan (1908-81), primeira encenação profissional do
TBC (49), sob direção do italiano
Adolfo Celi.
Aliás, o enunciado da fachada
era Joe's Nick Bar, referência ao
proprietário, como constava na
embalagem de uma caixa de fósforo, então valioso recurso de
propaganda nas rodas de bar.
Como o TBC, o Nick Bar fica na
rua Major Diogo, 315, tel. 3115-4622. Funciona de terça a domingo, das 14h "ao último cliente".
Texto Anterior: Giro Gourmet: Pratos apimentados esquentam ainda mais o verão Próximo Texto: Fotografia: Mostra anual de foto termina hoje no CCSP Índice
|