São Paulo, sábado, 04 de abril de 2009

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Crítica/"Lanchonete Olympia"

Diretor de videoclipes históricos faz filme sem relevo sobre imigrante

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

O que pode fazer um pioneiro diretor de videoclipes quando se entrega a uma história de pobreza e abandono, sem astros, sem glamour e sem música? O resultado pode ser visto em "Lanchonete Olympia", uma aventura do veterano Steve Barron no universo temático e estético do cinema independente norte-americano.
Homem por trás de clipes históricos de Michael Jackson ("Billie Jean"), A-Ha ("Take on Me", "Cry Wolf") e Dire Straits ("Money for Nothing") e de ficções despersonalizadas ("As Tartarujas Ninja", "Cônicos e Cômicos"), Barron parece se dedicar a um projeto pessoal em "Lanchonete Olympia".
Para isso opta pelo completo despojamento no tema (a vida restrita de um imigrante equatoriano numa região pauperizada do Queens, periferia de Nova York, metáfora da distância de Manhattan e do sonho americano) e na imagem (os cenários predominantes são uma cozinha de lanchonete e um quarto de cortiço).
A história gira em torno de Jorge, um imigrante equatoriano que trabalha como lavador de pratos numa lanchonete. Em torno dele giram Amy, imigrante chinesa mais bem integrada socialmente, Jerry e Terri, empregados do mesmo lugar, e Rick, o chefe bonachão.
Sem conseguir se comunicar minimamente em inglês, Jorge se encerra num universo mental em que projeta fantasmas que o filme resolve visualmente na forma de grafismos, animações inseridas na realidade desencantada em que sobrevive o imigrante. O recurso visa projetar um "realismo mágico" de acordo com a interpretação que os americanos fazem desse clichê estético de seus vizinhos do andar de baixo.
Como filmar esse laconismo, parece se perguntar o diretor? Trata-se de uma proposta interessante para um artista que esteve, até então, submerso sob a estética do excesso. A boa intenção de Barron, porém, tropeça no limite de suas qualidades e o resultado é um filme sem relevo, em que tanto os personagens quanto aquilo que pretende significar se encontram reduzidos a quase nada.


Avaliação: ruim


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