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crítica
Filme notável deveria abrir "caixa-preta"
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
"É
o seu filme,
não o meu",
diz a diretora
Helena Trestikova a René
Plasil quando ele se oferece, em um de seus últimos
encontros mediados por
grades e registrados por
câmeras, para responder a
qualquer pergunta feita
por ela. "(O filme) É seu,
eu sou apenas um figurante", retruca o personagem.
A conversa não prossegue, mas deveria: se Trestikova acreditava que o
longa realizado por ela ao
longo de quase 20 anos era
"de René", precisaria rever
seus procedimentos. Da
maneira como o desenvolveu, é um filme "sobre René", talvez feito "com René", mas nunca "de René".
Por mais que a atitude
da cineasta diante dele seja sempre respeitosa, a organização do material
-notável, de qualquer forma- respeita uma lógica
conservadora que não
abre a caixa-preta da realização ao público.
Não faria mal a "René",
justamente por causa de
suas circunstâncias incomuns, voltar um pouco a
câmera para a equipe de
filmagem e seus métodos.
Avaliação: bom
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