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ARTES VISUAIS
Espaço em Pinheiros é inaugurado com a instalação "Vereda"
Sítio abriga mata criada por Lia Chaia
TEREZA NOVAES
DO GUIA DA FOLHA
Uma minirreforma agrária
acontece no campo da arte a partir de hoje com a inauguração do
espaço Sítio, em Pinheiros, dedicado à produção não-comercial
de jovens artistas. Lia Chaia, 25,
planta a primeira semente do projeto com a instalação "Vereda".
A área ocupada não é exatamente um latifúndio, são 50 metros quadrados, mas a proposta
ultrapassa limites geográficos.
Além de abrigar "site specifics"
(obras feitas sob medida para um
lugar) de seis artistas por ano, o
projeto prevê um catálogo com
textos de jovens críticos e, futuramente, bolsas de estudo e intercâmbios entre ateliês no Brasil e
no exterior.
"A proposta é incentivar a produção sem fim comercial e contribuir com a formação de críticos e
curadores. Esse é um embrião,
queremos fazer uma coisa maior,
expandir para outros espaços, outros sítios", diz Ricardo Ribenboim, ex-diretor do Paço das Artes, em 1993, e do Itaú Cultural,
entre 96 e 2002, e sócio da produtora cultural Base 7, que criou e
mantém o projeto.
A inspiração veio de uma pequena galeria de Paris, a Pièce
Unique, que exibe apenas um
único trabalho feito especialmente para o local por um artista contemporâneo.
No primeiro ano, o projeto deve
acolher artistas que fazem parte
do elenco da galeria Vermelho, o
próximo deve ser Fabiano Marques, 33, um dos brasileiros confirmados para a Bienal de São
Paulo deste ano.
Para a estréia, o espaço -que fica na entrada do escritório da
produtora, com pé-direito alto e
boa iluminação natural- foi
transformado numa "clareira" de
mata.
A "Vereda" criada por Lia abre
caminho para uma reflexão da
percepção da natureza, sobretudo
a da cidade. As paredes foram revestidas com trepadeiras, uma espécie de afresco, desenhado com
cunha sobre uma camada de cimento que encobre três tons de
verde. As tramas de hera revelam
sutilmente as tonalidades.
Recém-chegada de Paris, onde
esteve a convite da bolsa Citè des
Arts, a artista evoca a simetria dos
jardins europeus em cinco displays bidimensionais, cujos formatos remetem àquelas plantas
cuidadosamente podadas, mas
que estampam fotografias de diferentes ângulos de mata atlântica.
"Os objetos trazem uma ruptura da paisagem, sobrepondo imagens uma em cima das outras. É,
ao mesmo tempo, a fragmentação
da natureza e a geometria, que coloca tudo no mesmo plano", diz.
Uma instalação sonora que
mescla sons da floresta amazônica com os barulhos da cidade
completa o trabalho. "A idéia de
vereda é a sensação, estar envolvido num ambiente que possui o
cheiro e a textura do cimento",
afirma Lia.
SÍTIO - INAUGURAÇÃO COM
"VEREDA", DE LIA CHAIA. Onde: r.
Cônego Eugênio Leite, 639, Pinheiros,
tel. 3088-4550. Quando: abertura hoje,
às 20h; de seg. a sex.: das 10h às 18h. Até
25/6. Quanto: entrada franca.
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