São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS

Exposição apresenta extrato da produção que vai do fim da década de 40 até meados da de 70

Mostra reúne arte carioca feita através da tecnologia

Divulgação
"Crianças em Veneza", fotomontagem feita em 1952 por Athos Bulcão que está no Paço das Artes


ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO

A combinação entre arte e tecnologia, principalmente na arte brasileira, é frequentemente associada às últimas duas décadas do século 20, mas tem suas bases bem fundadas nos experimentos de novas linguagens realizados há mais de 50 anos.
A partir de hoje, "A Forma e a Imagem Técnica na Arte do Rio de Janeiro: 1950/1975" leva ao Paço das Artes um extrato da produção de artistas radicados na capital fluminense que vai do fim da década de 40 a meados da de 70, em trabalhos ligados à tecnologia.
O curador da exposição, Fernando Cocchiarale, 51, também curador do MAM carioca, de onde vem boa parte das obras, evitou, no entanto, usar o termo "arte e tecnologia" para classificar a mostra.
"Arte e tecnologia" dá a idéia de que seria um gueto artístico, uma arte fechada em si mesma, e acho que a arte contemporânea se classifica justamente por sua disponibilidade e experimentação em qualquer nível", explica.
"Evitei o rótulo principalmente porque essa exposição não se reduz a esse ou àquele meio; um mesmo artista pode fazer um desenho e um vídeo. A tecnologia não assegura contemporaneidade a uma obra. Além disso, o número de artistas mostrando meios não-artesanais revela as muitas possibilidades do mundo contemporâneo, [como o fato de] você poder criar situações e editá-las, onde a situação visual imagética é fruto da tecnologia."
Das primeiras experiências cinéticas brasileiras, feitas por Abraham Palatnik, que tem duas obras na mostra, aos vídeos experimentais de artistas consagrados em outros suportes, como Anna Bella Geiger, Ivens Machado ou Lygia Pape, passando pelo néon de Maurício Salgueiro e as fotomontagens de Athos Bulcão, a mostra percorre aproximadamente um quarto de século em que se delineou a presença, cada vez mais frequente, dos "multimeios" na arte brasileira.
O uso crescente da tecnologia e os experimentos bissextos nesse campo feitos por artistas reconhecidos por suportes tradicionais são o motivo, segundo o curador, da escolha pelo recorte histórico que é dado à exposição.
"Tem um período de experimentação que é pontual. Muitos desses artistas são artistas que não se dedicaram exclusivamente a isso. Outros perseveraram no uso desses meios. Até 75, ainda eram experiências pontuais; hoje em dia elas se tornaram até mesmo acadêmicas", diz Cocchiarale.


A FORMA E A IMAGEM TÉCNICA NA ARTE DO RIO DE JANEIRO: 1950/1975.
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, Cidade Universitária, tel. 3814-4832). Quando: de terça a sexta, das 11h30 às 18h30; sábados e domingos, das 12h30 às 17h30; até 5/10. Quanto: entrada franca.




Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: "Fábio Miguez": Pintura desintegra espaço de galeria
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.