São Paulo, segunda-feira, 05 de outubro de 2009

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Crítica/Céu

Tímida, cantora se destaca por boa interpretação em SP

Céu alterna dramaticidade, graça e afinação no lançamento do disco "Vagarosa"

Divulgação
Acantora no Auditório Ibirapuera, na última sexta, onde fez show
com ingressos esgotados para o lançamento de ‘Vagarosa’


ADRIANA FERREIRA SILVA
EDITORA DO GUIA DA FOLHA

Céu já não canta de costas para a plateia como fazia quando era uma debutante. Mas tampouco ocupa o lugar que lhe cabe ou espera o público, que esgotou os ingressos para os shows do Auditório Ibirapuera no fim de semana, onde ocorreu o lançamento do álbum "Vagarosa".
Ela bem que tentou. Ensaiou passos de samba; serpenteou na cadência do dub; fez caras e bocas. Tudo isso do meio do palco para trás, protegida pela banda que lhe acompanha em perfeita sintonia. Do gargarejo, não se aproximou nem para as despedidas. Pelo menos não na estreia, na última sexta.
Está, portanto, longe de pertencer à escola de Maria Bethânia, ou Ivete Sangalo, que dominam a cena. Mas isso não é necessariamente um defeito.
Cat Power canta na sombra, olhando para o chão, e sua performance é linda. Céu se posiciona entre esses dois extremos. Está "na dela". É "cool".
A essa falta de jeito, no entanto, se opõe um vocal que alcança diferentes tons em belas interpretações e aí está a diferença entre a mocinha-promessa da MPB e a mulher que se encontrou na mescla de reggae, samba, dub, jazz, afrobeat.
Seu rosto expressivo aparece primeiro num telão. Um vídeo mostra Céu num cenário bucólico, fazendo um discurso que traz referências ao patrocinador da turnê, a empresa Natura.
O preâmbulo cosmético é seguido pelos primeiros acordes de "Espaçonave", que, ao vivo, causa impacto, graças às participações do baterista Pupillo (Nação Zumbi) e do guitarrista Catatau (Cidadão Instigado).
Embalada por um som psicodélico, Céu solta a voz e mostra as muitas inflexões e nuances a que é capaz de chegar.
Em uma hora e meia, alterna dramaticidade, graça e afinação em canções como "Cangote" ou na versão para "Takes Two to Tango", de Ray Charles e Betty Carter, com levada reggae-ska.
No reggae "Sonâmbulo", impressiona por sua pronúncia rápida e clara das palavras, que fluem sem que Céu perca o ritmo ou o fôlego.
A mescla de sons orgânicos e sintéticos de "Vagarosa" é reproduzida com precisão, com destaque para a atuação do DJ Marco, que desdobra e cria efeitos para a voz da cantora.
Além da brilhante presença de Catatau, há boas entradas do instrumentista Rodrigo Campos, no samba "Vira-Lata", e de Thalma de Freitas e Anelis Assumpção, dividindo vocais com Céu em "Bubuia".
Não falta a Céu personalidade e isso demonstra que ela não é mais uma criação de um bom produtor. Mas enfiar o pé na jaca à la Amy Winehouse de vez em quando faz bem.


CÉU

Avaliação: bom




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