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Peça reconstitui caso religioso real
Quebra de imagem de santa por um rapaz, em 1978, inspira peça de Carlos Alberto Soffredini montada pela filha Renata
"Minha Nossa" estréia hoje no Espaço dos Satyros 2 e
mantém características do teatro popular e do circo-teatro de Soffredini
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em maio de 1978, na Basílica
Nacional de Aparecida (SP),
um homem de 19 anos, integrante de uma romaria, ergueu
as mãos para o altar e, num impulso, esmurrou a redoma de
vidro e agarrou a imagem da
santa. As luzes teriam se apagado e, no fuzuê, a imagem católica da padroeira do Brasil foi ao
chão em mais de 160 pedaços.
Quase linchado pelos romeiros, Rogério de Oliveira foi preso por tentativa de roubo e, em
seguida, internado em hospital
psiquiátrico. Na Folha de 19 de
maio de 1978, um padre declarou que o rapaz fora "possuído
de uma psicose religiosa".
O dramaturgo Carlos Alberto
Soffredini (1939-2001) recriou
esse episódio em "Minha Nossa", peça escrita para o extinto
grupo Mambembe (estreou em
1984) e definida como "reportagem para sete atores, em cinco partes". Agora, o drama popular é montado por sua filha,
Renata Soffredini, em temporada a partir de hoje no Espaço
dos Satyros 2.
"É o texto dele mais documental, com depoimentos colhidos em campo e trechos do
que revistas e jornais publicaram à época", diz Renata, 45,
que segue as estéticas do teatro
popular e do circo-teatro que
balizaram o autor de "Na Carreira do Divino".
Para a diretora, ao reconstituir dramaturgicamente o
"atentado" à imagem de Nossa
Senhora Aparecida, o autor
compõe simbolicamente "quase a origem do povo brasileiro,
da família, dos costumes e dos
desgovernos desde a colonização portuguesa".
O cenário é reduzido a um telão ao fundo, pintado. A igreja,
políticos, polícia, pais, enfim,
todos se perguntam o porquê
do ato do rapaz, que no início se
chama Ramar ("da mesma forma que crescem as ramas das
árvores") e, no final, vira Rumar ("que se vai embora").
MINHA NOSSA
Quando: estréia hoje, às 22h30; qua.,
às 22h30; até 19/12 (volta em janeiro)
Onde: Espaço dos Satyros 2 (pça. Roosevelt, 124, tel. 3258-6345)
Quanto: R$ 20
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